Gaveto para mim é a catedral do marisco português
De acordo com o dicionário de língua portuguesa da Porto Editora, Gaveto “diz –se do prédio de frente redonda no ângulo de duas ruas”, ou “um prédio de esquina”.
Ora o que eu vou hoje tratar no meu texto é muito mais do que um Gaveto, apesar de ser de esquina e entre duas ruas da cidade de Matosinhos, no norte de Portugal.
Gaveto para mim é a catedral do marisco português. Aberto em 1984, perto da zona industrial do Porto, este restaurante pilotado pela família de Manoel Pinheiro, é uma parada obrigatória para todos os visitantes que vão ao Porto e queiram conhecer alguns dos melhores pratos da gastronomia portuguesa.
Na minha última visita, acompanhado do meu amigo Costa, almocei no meu lugar preferido: o balcão amplo, com banquetas confortáveis e olho para a entrada da cozinha de onde saem freneticamente as delicias das quais vou falar.
Começamos com o fino da Super Bock (termo que no Porto é usado para definir o chope), enquanto chegava o pão quente, manteiga, azeite e azeitonas, e escolhíamos o vinho. Pedimos um camarão – que em Portugal é cozido, e imediatamente resfriado em agua com gelo, acompanhado de uma espécie de uma maionese feita com o suco das próprias cabeças dos camarões utilizados no arroz. Se abriu um Carolina branco do Douro by Van Zellers na temperatura certa, um floral com alguns tons cítricos, castas Rabigato, Viosinho e Códega de Larinho. Satisfeitos passamos para um dos manjares que eu mais gosto: ameijôas à Bulhão Pato. Trata-se de um petisco associado ao poeta Raimundo Bulhão Pato que transformou a forma de cozinhar ameijôa – com cebola, alho, coentro e vinho branco- numa das mais tradicionais de Portugal.
Uma travessa de vieiras me chamou a atenção: provamos e aprovamos. Fresquíssimas, grelhadas no seu ponto, com sabor de mar irrepreensível. Faltava escolher o vinho para o prato principal e a escolha recaiu no Quinta da Pellada Primus Dão DOC branco 2021, na boca uma elegância extrema que mereceu 94 pontos de Robert Parker em 2009. Persistente na boca, é um vinho único que mistura vinhas velhas principalmente Encruzado, Bical e Cercial. Fantástico, inesquecível. Só nos faltava chegar à panela com arroz de lavagante (crustáceo das águas costeiras do oceano Atlântico, parecido com a lagosta mas com pinças nas patas). Aqui deixo a vossa imaginação a descrição de um arroz malandro de tempero extraordinário.
Eu e o meu amigo Costa fomos nos aproximando do final da refeição sem deixar de pensar na qualidade do serviço impecável, na temperatura certa dos vinhos, no servir os comensais, com tempo e delicadeza. Estava de aproximando a hora para ir para o aeroporto não muito distante. Deu tempo, então, de terminarmos a refeição com um par de cafés e arrematar a jornada gastronômica com cálice de vinho do Porto Dalva 1985. De palato e alma feliz, regressei a São Paulo.
Um beijo e até a próxima,
Chef Eduardo de Castro é jornalista de formação, mas foi na gastronomia que ele percebeu que o seu amor pelas panelas era maior do que pela escrita, mas mesmo assim trará seus contos quinzenalmente na Dolce Morumbi
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