Ser mulher é já nascer com o dom da transformação, mas quando a maternidade chega, essa habilidade vira necessidade. Não é mais sobre escolhas, é sobre sobrevivência – especialmente para quem, como eu, enfrenta uma jornada solo. A vida nos coloca numa encruzilhada onde não existe “talvez”, apenas o “preciso fazer acontecer”, mesmo quando o cansaço pesa, as dívidas apertam e muitas de nós acabamos empreendendo na maternidade solo – não por modismo, mas pela urgência de conciliar sustento e presença.
Minha trajetória profissional tem sido escrita a várias mãos – a da mulher que precisa pagar contas, a da mãe que quer estar presente e a da sonhadora que nunca deixou de acreditar na vitória! Já tantas profissões quanto fases maternas: do marketing corporativo ao marketing multinível, das terapias integrativas que ainda prático; da escrita de meu livro que me resgatou ao projeto Conversa Materna, onde agora ajudo outras mães a navegar em seus próprios desafios. Cada reinício não foi um fracasso, mas um passo necessário.

Na maternidade solo a reinvenção vira necessidade. Temos que conciliar o trabalho, casa e a maternidade e não há rede de apoio que apague a verdade: no final do dia, as decisões e responsabilidades recaem somente sobre nós. Mesmo com ajuda, é nossa voz que acalenta os medos noturnos e nossa mão que faz cafuné — a mesma que troca lâmpadas, monta móveis e digita relatórios madrugada adentro.
Mas há beleza nessa resistência. Quando meu filho, Rafael, me vê no meio de um call enquanto reviso suas lições, ele não vê desespero – vê coragem que vira determinação e força. Quando minha filha, Sara, me vê estudando mais um curso (sim, sou eterna aprendiz!), ela não vê derrota – vê dedicação em forma de mulher, vê exemplo.
E é assim que sigo: uma live, um texto, uma terapia por vez. O Conversa Materna nasceu dessa jornada – primeiro como uma mentoria individual e em breve florescendo para o Clube da Mãe Imperfeita, um grupo onde vamos compartilhar dores e descobertas sem julgamentos. Não prometo todas as respostas, mas acolhimento – às vezes um “também passei por isso e consegui”, vale mais que mil conselhos.

A resiliência materna não é um dom especial: é o instinto de quem sabe que alguém depende exclusivamente do seu melhor, mesmo quando você acha que não tem mais nada para dar. Cada projeto abandonado plantou sabedoria. Cada ideia que deu certo, uma vitória. Cada tentativa frustrada, cada porta fechada foi um degrau invisível que nos levou mais alto.
Porque no final, nossa maior criação não está no currículo ou nos produtos que oferecemos. Está nos olhos atentos que nos observam transformando luta em aprendizado, medo em fé, e recomeços em lições de amor – aquele “por vocês, eu tento mais uma vez” sussurrados no escuro.
E seguimos. Reinventando, quebrando, colando, acreditando. Porque no dicionário das mães, “desistir” é a única palavra que não existe.
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