La Dolce Vita
Paulo Maia
Conflitos por recursos e modos de vida é o enredo de nossa história
Supomos que o mundo está aqui para nós. Chegamos aqui após 4,5 bilhões de anos da criação do planeta e nossa espécie está hoje no topo da hierarquia para tomar conta de tudo. Entendemos que o exterior deve se submeter aos nossos anseios e desejos, nem que para isso, mereça alguma intervenção, não importa o quanto isso venha a mexer na natureza. Conscientes, descobrimos que podemos pensar e identificamos que somos o que há de mais importante no momento. E aquilo que pensamos é o que mais importa. A razão agoniza quando o mundo não faz sentido.
Um ser humano não é nada sem uma ideia, sem um sentido. O motor da nossa sobrevivência é buscar um sentido para estar vivo. Não há outra forma. Dor e prazer são sensações que temos fisicamente e são as grandes provas da experiência de estar no mundo. Para sermos – no sentido ontológico -, é preciso fugir de uma sensação para irmos em direção à outra. E nesta jornada, buscamos uma forma de viver.
Mas a realidade é muito complexa e apesar de tê-la decodificada e catalogada em termos de células, partículas e átomos, não conseguimos achar o principal: o significado. Mas como não podemos viver sem ele, se não está por aí, entre as coisas, então temos que construir um. Mas qual, se nossa mente pode conceber diversos? Queremos dar à subjetividade uma forma de ser no mundo. Torná-la algo concreto, objetivo. Mas qual deve ser adotada? A minha ou a sua?
Então percebemos que nem todos concordam com a mesma realidade. Vemos que somos iguais apenas pelo viés da biologia, mas no que concerne a um modo de vida, descobrimos que caminhamos em lados opostos. Aparentemente todos se parecem na multidão, mas a vida significa coisas diferentes para grupos distintos. Parece não haver espaço e alternativas suficientes para uma convivência mútua. Idealizamos uma forma de vida e lutamos por esse ideal. Mas pior do que tentar criar uma realidade através de um ponto de vista, é buscar submeter o outro a esse mesmo olhar.
Voltamos ao conflito que nos leva à beira da conclusão de achar que este é o verdadeiro motor da vida. Até onde investigamos, o universo começou com um ato violento. E violência é uma constante na natureza. Achamos que devemos chegar a um lugar, a um ideal para vivermos uma plenitude. Mas me parece que esse pensamento é justamente o combustível para nos manter onde já é o nosso lugar de ser no mundo.
Um lugar onde o conflito é interminável. E o fim dele pode ser exatamente o fim de tudo que existe. Alguém concorda?
Paulo Maia é publicitário, filósofo, morador do Morumbi e mantém sua curiosidade sempre aguçada
Imagem destacada: Designed by Freepik
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