Arte Grega: harmonia, equilíbrio e perfeição

Dolce Arte

Amanda Sanzi

“O conhecimento é o ato de entender a vida.”
Aristóteles. Grande filósofo grego, visão empírica acerca do conhecimento

A Grécia antiga foi um período fecundo em todas as artes e disciplinas científicas imagináveis.

As esculturas, pinturas, teatro e as magníficas obras de arquitetura impressionam, até os dias de hoje, pela beleza e perfeição. 

Vista do Partenon na Acrópole de Atenas | Foto: Sven Hansche / Shutterstock.com

A arte grega foi caracterizada a partir de conceitos como simetria, proporção, harmonia e equilíbrio. Esses conceitos foram aplicados pela razão humana, seguindo critérios matemáticos pelo racionalismo.

A cultura grega atingiu seu apogeu, sob o governo de Péricles, que protegeu os artistas e ordenou a construção de inúmeros monumentos.

Importante ressaltar que da Grécia vieram os primeiros filósofos e a grande sabedoria nas ciências.

A Filosofia grega permaneceu viva nos ensinamentos de Demócrito, Anaxágoras, Sócrates, Platão, Aristóteles, Tales de Mileto entre outros. 

Na medicina destaca-se Hipócrates na Geometria Euclides e Pitágoras e na Física Arquimedes. 

Aristóteles | Fonte: Wikipédia

A arte grega, incluindo a escultura foi dividida em três períodos: Arcaico, Clássico e Helênico.

Período Arcaico (século VIII a.C. ao V a.C.)

No período arcaico, a escultura grega deu seus primeiros passos. Inicialmente, os artistas se inspiraram nos modelos egípcios e assírios, mas não demorou muito para que adquirissem características próprias.

Já nessa fase, a principal característica era a representação da imagem humana, muito próxima da realidade. O cuidado com os detalhes, como punhos serrados, silhueta delgada são outras marcas.

Havia uma diferença na reprodução de homens e mulheres. Nas esculturas femininas, chamadas “kore”, é possível perceber túnicas cobrindo os corpos. Já os homens ou “kouros” apresentavam músculos definidos e pernas separadas, os primeiros aspectos de movimento.

Período Clássico (século V a. C. ao IV a. C.)

Nessa fase, a escultura grega já conseguia retratar de maneira cada vez mais realista e natural a figura humana. As faces, que antes eram rígidas, passam a ter um aspecto muito mais próximo do real. Uma importante característica desse período foi a possibilidade da obra ser vista sob diversas perspectivas (tridimensionalidade).

Período Helênico (século III a.C. ao I a.C.)

As mudanças enfrentadas nesse período, com o auge da democracia e o desenvolvimento possibilitado por Péricles (uma das maiores personalidades políticas dessa época) se refletiram na escultura grega. As obras começaram a retratar o cotidiano e as expressões ganharam um aspecto dramático e teatral, porém ainda de maneira realista.

Arte Grega na Escultura

Os gregos buscavam a perfeição completa nas imagens esculpidas. Veias, músculos e nervos eram ressaltados nas estátuas com o objetivo de retratarem o real da figura humana em toda sua essência. Principais características:

  • Busca da Beleza Física
  • Representação do corpo humano
  • Naturalismo e idealismo das formas
  • Movimentos e detalhes
  • Volume e simetria
  • Perspectiva e proporcionalidade
  • Temas mitológicos

Os gregos costumavam utilizar materiais como mármore, bronze, terracota pedra e madeira em suas esculturas. Geralmente, as obras eram utilizadas para falar sobre os valores religiosos e também os feitos de grandes personagens da mitologia grega, divindades, seus heróis ou líderes que ganharam popularidade.

Grandes nomes ficaram na história da escultura grega, entre eles Fídias (480 a.C. – 430 a.C.). Considerado um dos escultores mais importantes da Grécia Antiga, foi o criador das duas estátuas mais famosas da Antiguidade: “Athena” (438 a.C.) e “Zeus” (456 a.C.). 

A Estátua de Zeus
“Athena de Varvakeion”, a melhor preservada cópias conhecidas da estátua de “Athena Parthenos” por Fídias | Fonte: Wikipedia

Praxiteles (395 a.C a 330 a.C.) também um dos escultores que se destacaram. A obra “Afrodite” (340 a.C.) é uma das mais renomadas por ser o primeiro nu feminino. Na escultura, a deusa segura uma roupa ou toalha na mão esquerda enquanto a direita esconde as genitais.

Crésilas é mais um nome importante da escultura grega, principalmente pelo busto de “Péricles”, desenvolvido em 425 a.C.

Busto de Péricles com a inscrição “Péricles, filho de Zantipo, Ateniense”. Cópia romana em mármore de um original grego, c. 430 a.C. (Museus Vaticanos, Roma)

Fídias é o maior escultor desse período. Sua estátua de Zeus Olímpico foi considerada uma das maravilhas do Mundo antigo.

Miron destaca-se com o “Discóbolo”, em homenagem aos atletas.

Templos, teatros, anfiteatros e Odeons eram construídos em mármore branco para a grandeza da Grécia, para que ela fosse vista pelos estrangeiros e sua beleza divulgada no mundo inteiro.

Felizmente as obras-primas gregas foram copiadas pelos romanos, pois assim sobreviveram e puderam chegar ao nosso conhecimento, uma vez que os originais gregos se perderam.

Pintura Grega 

A pintura grega era considerada um elemento de decoração arquitetônico que apresentava um equilíbrio formal e harmônico nas pinturas feitas em paredes e cerâmicas.

Os vasos gregos são reconhecidos pelo equilíbrio entre suas cores, as formas harmônicas e distribuição das figuras pintadas. A combinação destes fatores estéticos promovia a vivacidade na pintura. Eles eram usados em rituais e também para armazenamento de mantimentos. 

Os temas mais explorados eram cenas narrativas: do quotidiano, de batalhas ou de lendas mitológicas.

Figuras negras pintadas por Exéquias em torno de 540 a.C. (Museu Gregoriano-Etrusco, Roma)
Vaso Panathenaic de terracota de 530 a.C. | Crédito: Domínio público, cortesia do Metropolitan Museum of Art

As pinturas mostravam harmonia e rigor nos detalhes. No que respeita às cores, seguia-se o seguinte padrão: 

– Figuras negras sobre o fundo vermelho;

– Figuras vermelhas sobre o fundo negro;

– Figuras vermelhas sobre o fundo branco. 

Em torno de 530 a.C., quando o método de pintar figuras negras já havia se consolidado, surgiu outra maneira de realizar a ornamentação em cerâmica, no qual se obtinha “figuras vermelhas”.

Detalhe de vaso grego exibindo figuras vermelhas

Acredita-se que o inventor de tal técnica foi o pintor Andócides, discípulo de Exéquias.

Essa nova forma de pintura compõe-se em inverter o sistema cromático, deixando as figuras humanas no tom original da terracota e pintando o fundo de negro.

Os principais pintores foram: Clítias, Exéquias e Sófilos, Polignoto fez pinturas em escorço, Agatarco desenvolveu a perspectiva, de modo a criar ilusões de profundidade no teatro, Aplodoro e Zêuxis adotavam o jogo de luz e sombra em suas obras.

Arquitetura Grega 

A Arquitetura Grega se desenvolveu a partir do século VIII a.C., sendo inspirada nos estilos jônico, o dórico e o coríntio. Nas grandes construções gregas, os materiais mais utilizados eram as pedras, mármore, madeira e calcário. Naquele tempo, as estruturas já contavam com uma grande engenharia, simetria e o uso de cálculos e proporções matemáticas. 

Marcos Vitrúvio Polião (em latim, Marcus Vitruvius Pollio) foi um arquiteto romano que viveu no século I a.C. e deixou como legado a obra “De Architectura” inspirador nos estilos jônico, o dórico e o coríntio.

  • Ordem Dórica: Caracteriza-se pela sobriedade e a coluna é destituída de ornamentos. O capitel é ovado ou eqüino. Segundo Vitrúvio, a ordem simbolizaria a força e a graça do corpo masculino.
  • Ordem Jônica: Tem como principais características o capitel com volutas e dentículos na cornija. Segundo Vitrúvio, a ordem simbolizaria a esbelteza feminina.
  • Ordem Coríntia: Possui capitel ornado com folhas de acanto. Teria sido uma invenção ateniense do século V a.C. De acordo com Vitrúvio, simbolizaria a figura delgada de uma menina.

Na arquitetura grega destacam-se os templos, geralmente locais onde se realizavam diversas celebrações (acontecimentos civis, eventos esportivos, etc.) e cultos aos deuses, da qual se destaca a Acrópole e o Parthenon de Atenas, na capital grega.

As principais características da arquitetura grega são:

  • Caráter público
  • Conceito de Belo (teor estético)
  • Monumentalidade (grandes Templos)
  • Perspectiva e proporcionalidade
  • Simetria e harmonia
  • Equilíbrio e rigor das formas
  • Presença de colunas e pórticos


Teatro Grego

Origem do Teatro Grego. O teatro grego teve início em Atenas, na Grécia, por volta de 550 a.C. e surgiu a partir das celebrações realizadas principalmente para o Deus Dionísio. Essa era uma divindade da mitologia grega relacionada às festas, fertilidade e vinho.

Antigo Teatro na Acrópole Grega, Atenas

Vale lembrar que o termo teatro (theatron), do grego, significa “local onde se vê” ou “lugar para olhar”.

As máscaras do teatro grego possuíam diversas expressões faciais

O teatro grego era formado por diversos elementos, cenários e figurinos. Além das da presença de júris, eles apresentavam músicas, danças e mímicas.

A arquitetura dos teatros gregos possuía como característica marcante as construções ao ar livre, chamadas de teatros de arena.

Teatro Grego: teatro de Epidauro (séc. IV a.C.) | Fonte: WikimediaCommons

Em forma de meia-lua, para uma melhor acústica, eles possuíam uma grande arquibancada para a plateia.

Termino aqui plena, com todo teor que esta viagem de imersão a arte da Grécia antiga nos proporciona. 

A arte grega ainda tem influência sobre os padrões estéticos do mundo contemporâneo.  Rainer Sousa 

Respire Arte!

Amanda Sanzi é artista visual, moradora do Morumbi e expressa sua compreensão do mundo através de suas obras!

amandasanzi.com

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