Questões raciais norteiam pinturas da mostra de Aline Bispo na Galeria Luis Maluf

Em sua primeira individual na galeria, Aline exibe pinturas em pequenos e médios formatos com retratos de personagens negros. Obras foram criadas na residência artística da Usina Luis Maluf, novo espaço cultural situado na Barra Funda, em São Paulo

Uma série de retratos de personagens negros, geralmente sozinhos e em diferentes atitudes, aparecem nas pinturas inéditas realizadas em tinta a óleo, acrílica e guache pela artista Aline Bispo. O conjunto será exibido ao público em A Medicina Rústica: Pinturas de Aline Bispo, mostra que entra em cartaz na Galeria Luis Maluf neste sábado, 17 de julho, com curadoria de Claudinei Roberto da Silva.

Aline Bispo, que já tem um trabalho reconhecido como ilustradora – a capa do bestseller Torto-arado, de Itamar Vieira Junior, e as ilustrações da coluna de Djamila Ribeiro na Folha de S. Paulo são de sua autoria -, traz nesta individual reflexões diversas acerca das questões raciais, do colorismo à identidade. Seus personagens negros têm, em comum, a cor da pele elaborada em tons terrosos escuros, mas com certa indistinção no que se refere aos seus rostos, que são apenas sugeridos e adivinhados através da massa de tinta.

Aline Bispo | Imagem por Camila Rivereto7 em Flickr

Esta escolha da artista, segundo o curador Claudinei Roberto da Silva, encontra paralelo em outros expoentes da arte afro-brasileira contemporânea e sugere um caminho que flerta com a ideia da busca por um “arcaico mítico”, uma identidade comum aos negros e negras que, apesar disso, não anula a individualidade das personagens, uma vez que são identificadas nelas a sua classe, origem social, gênero e raça. “Nesses trabalhos de Aline Bispo a velocidade da execução está patente no padrão das suas enfáticas pinceladas deixadas à mostra na superfície da lona ou do papel evidenciando os processos que a artista adota na realização dos seus trabalhos”, explica o curador em texto da mostra.

Ainda segundo o curador, a exposição estabelece um diálogo profundo com o contexto da arte contemporânea brasileira, que passa por um momento de merecida atenção à sensibilidade afrodiaspórica e tem sido impulsionada pela robusta produção artística realizada por mulheres cujo trabalho foi quase sempre subestimado e sub-representado em galerias, museus e seus congêneres.

“A atenção que essas realizações despertam deve-se, entre outros fatores, a luta empreendida pelas mulheres negras contra o racismo, pela conquista de espaço, igualdade de oportunidades e, não menos importante, pela qualidade e potência expressa em obras que não podem ser contornadas pelas narrativas pautadas na heteronormatividade branca”, finaliza Claudinei.

Obra de Aline Bispo | Imagem por Camila Rivereto7 em Flickr

A Medicina Rústica: Pinturas de Aline Bispo

Período expositivo: De 17 de julho de 2021 até 30 de agosto de 2021

Horário de visitação: Segunda a sexta-feira, das 11h às 20h e aos sábados, das 11h às 18h

Classificação indicativa: Livre

Curadoria: Claudinei Roberto da Silva

Luis Maluf Galeria

 

Galeria Luis Maluf

Endereço: Rua Peixoto Gomide, 1887 – Jardim Paulista, São Paulo – SP, 01409-003

Imagem por Camila Rivereto7 de Aline Bispo

Formada em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, Aline Bispo, representada pela Galeria Luis Maluf, investiga em sua produção temáticas que cruzam a miscigenação brasileira, gênero, sincretismos religiosos e etnia. Iniciou sua carreira artística grafitando ruas em São Paulo e desde então, a interdisciplinaridade da artista transita em pinturas, ilustrações, gravuras, fotografia e performance.

Atualmente, Aline Bispo participa do Projeto de Residência Artística na Usina Luis Maluf, espaço cultural localizado na Barra Funda, idealizado por Luis Maluf e coordenado por Carollina Lauriano. Em 2019, Bispo fez parte da primeira edição do programa de incentivos a jovens artistas e curadores do Instituto Adelina Cultural e em 2020 foi convidada para fazer parte do time de artistas do Projeto Convida, do IMS Paulista. Além disso, ilustra a coluna de Djamila Ribeiro, na Folha de São Paulo, e é reconhecida por projetos como a ilustração da capa do Best-seller Torto-Arado, de Itamar Vieira Junior. Aline também é criadora do projeto Museu nas Férias e é curadora no Programa pela equidade racial do Instituto Ibirapitanga.

Claudinei Roberto da Silva

Claudinei Roberto da Silva já assinou a curadoria de projetos como a exposição PretAtitude – Emergências, insurgências e afirmações na arte afro brasileira contemporânea, nas unidades do Sesc Ribeirão Preto, São Carlos, Vila Mariana, Santos e Rio Preto (2018/21); 13ª Bienal Naifs do Brasil, Sesc Piracicaba (2016/17); o simpósio Presença Africana no Brasil, Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo (2015); Audácia Concreta as Obras de Luiz Sacilotto, Museu Oscar Niemeyer (2015); O Banzo, o Amor e a Cozinha da Casa, Museu Afro-Brasil (2014), entre outros.

Coordenou também núcleos de educação das exposições Orun, Sesc Carmo (2019); do simpósio Presença Africana no Brasil, Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo (2015); A Journey through African Diaspora, do American Alliance of Museums, em parceria com o Museu Afro Brasil e Prince George African American Museum (2014); Museu Afro Brasil (2012/14); Museu da Imagem e do Som de São Paulo (2009/10); e 27ª Bienal de São Paulo “Como Viver Junto” (2007).

Colaboração da pauta:

a4&holofote comunicação

Ane Tavares
[email protected]
Neila Carvalho
[email protected]
Diogo Locci
[email protected]
Laura Jabur
[email protected]

Imagem destacada da Publicação

Aline Bispo | Imagem por Camila Rivereto7 em Flickr

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