Por Bruna Mota e Fabiana Siqueira
Há décadas, desde o final do século XX, o termo e o entendimento do que seriam metodologias ativas passaram a fazer parte das reflexões no ambiente escolar, tanto de professores quanto de gestores, alunos e famílias. Quando pensamos no processo de aprendizagem, que acontece com qualquer ser humano em diferentes contextos, períodos e lugares, é sabido que ele movimenta diversas habilidades, e que vários aspectos podem influenciar, entre eles o fato de ter um papel ativo, autônomo e participativo.
Ao encontro de proporcionar aos alunos tal vivência participativa, tendo-os como protagonistas, está a aplicabilidade de tais metodologias em sala de aula, o que ainda continua sendo desafiador, porém cada vez mais presente e passando a fazer parte do cotidiano escolar. Professores, alunos e a escola, como um todo, passaram a repensar ações e práticas e as mudanças antes pensadas e já executadas acabaram ganhando ainda mais espaço por conta da realidade do ensino remoto e híbrido que emergiu rapidamente a partir de março de 2020.
A distância física, entre toda a equipe escolar, não foi impeditivo para um trabalho em grupo que pudesse destacar lideranças, como organização, capacidade de relacionar conteúdos, criatividade, síntese, colaboração, entre muitas outras. O que compreendemos por metodologias ativas faz-se presente em situações cotidianas em nossa rotina escolar, quando iniciamos uma nova temática proposta pelo material, e os alunos começam a trazer o que já vivenciaram, como, ao falar de etnocentrismo, e eles citarem uma notícia que viram de intolerância religiosa; ou quando analisamos uma charge que problematiza o processo de colonização do século XV, e eles já trazem a discussão do uso do termo descobrimento; quando, participando de um jogo educativo, ficam chocados quando clicam na resposta errada sem querer, por conta do tempo, e sem ainda aparecer o resultado, argumentam o motivo do equívoco; quando sentem liberdade para trazerem referências do que assistiram em programas, viram em notícias rotineiras; leram no Instagram, presenciaram em uma viagem e relacionam com as aulas de História; ou, até mesmo, ao cozinharem algo simples na rotina doméstica, juntamente com seus pais, e percebem que nessa consta a orientação de utilizar 3/4 de uma xícara, ou ainda, 300 ml de leite e relacionam com a Matemática trabalhada em aula.
Produzindo trabalhos orientados com conteúdo presentes no currículo, conseguem criar um ambiente no Minecraft (jogo em que é possível explorar o mundo tridimensionalmente, construindo e desconstruindo blocos); ou ainda a utilização de softwares, como o geogebra, que permite ao aluno a manipulação e visualização de infinitas figuras em questão de segundos, coisa que o papel e lápis não conseguiriam proporcionar, pois tais softwares permitem ao aluno uma construção que vai além do concreto; produção de vídeos utilizando o Tik Tok; apresentações/anotações/ diagramas super produzidos com o uso de Ferramentas Google; produções que envolvem edições de vídeos surreais, entre muitas outras.
Nossos alunos compreendem a cada dia que eles são participantes, ativos e autônomos no processo de aprendizagem, e que nós, professores, estamos ali para construir com eles. O entendimento de que o trabalho colaborativo é primordial e imprescindível na Educação vai acontecendo aos poucos e passando a fazer parte do cotidiano escolar. Assim, como não conseguimos imaginar uma vida sem a internet, WhatsApp e redes sociais, principalmente durante esse momento de pandemia, a escola como uma instituição integrada a sociedade também passa por mudanças, por essa razão, a aplicação de metodologias ativas é necessária e fundamental para uma educação que proporcione ao aluno lidar com as diversas situações que a vida do século XXI lhe apresenta.
Bruna Mota é professora de História no Colégio Anglo Morumbi
@brusilvamota
Fabiana Siqueira é professora de Matemática no Colégio Anglo Morumbi
@fabianaandrade22
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