A COP26 – 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, principal cúpula da ONU para esse debate, aconteceu de 1° a 12 de novembro em Glasgow, na Escócia. O encontro reuniu representantes dos 196 países signatários do Acordo de Paris, que apresentaram seus compromissos com o desenvolvimento e preservação do meio ambiente, emissão de GEE – gases de efeito estufa – e aquecimento global.
A conferência é de extrema relevância pois dela sairão as decisões que envolvem o futuro de todo o planeta em relação ao atual e maior desafio da humanidade: limitar o aquecimento global a 1,5°C e evitar impactos mais catastróficos das mudanças climáticas. De acordo com o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), para limitar o aquecimento global a 1,5°C, o mundo deve reduzir pela metade as emissões de CO2 até 2030 e alcançar emissões líquidas zero em meados do século.
Na primeira semana de reuniões da COP26, o Brasil assumiu novos compromissos: a meta agora é reduzir as emissões de GEE em 50% até 2030 (a meta era de 43%). O governo também aderiu a um acordo global para cortar em 30% as emissões do metano, um dos principais agentes causadores da aceleração do efeito estufa e da degradação do meio ambiente, que, no caso brasileiro, vêm principalmente da pecuária. Além disso, a delegação brasileira também antecipou de 2030 para 2028 o objetivo de acabar com o desmatamento ilegal.
Outra questão central e polêmica em Glasgow é o financiamento climático de US$ 100 bilhões prometidos há mais de uma década pelos países ricos aos governos emergentes. O montante seria aplicado anualmente a partir de 2020. O prazo já passou, a meta não foi cumprida e os países desenvolvidos seguem sem oferecer um cronograma claro. O argumento é simples: sem dinheiro, não há como as nações em desenvolvimento se comprometerem com metas climáticas mais ambiciosas.
Empresas do mundo todo têm US$ 130 trilhões disponíveis para programas ambientais, incluindo um programa específico de US$ 19 bilhões para proteção e recuperação das florestas. Em termos de Brasil, hoje, nossos bancos públicos declaram ter de R$ 350 bilhões a R$ 400 bilhões em financiamentos ou investimentos verdes, dos quais cerca de US$ 50 bilhões serão para financiar uma agricultura de baixo carbono, projetos de infraestrutura, de transporte e mobilidade urbana, todos direcionados a uma nova economia verde.
No oitavo dia do evento, a Presidência da COP26 divulgou o primeiro esboço do texto de decisão da conferência. Com apenas sete páginas, a proposta sugere uma nova rodada de compromissos climáticos nacionais com metas mais ambiciosas até o final de 2022, além de esforços adicionais dos países para eliminar os subsídios aos combustíveis fósseis e acabar com o consumo de carvão. Ainda assim, o documento não apresenta avanços significativos relacionados ao financiamento climático ou aos mercados de carbono, principalmente no que diz respeito à regulamentação do Artigo 6 do Acordo de Paris, que assegura aos países signatários negociarem créditos de carbono uns com os outros.
No penúltimo dia da conferência, o Papa Francisco fez um apelo: que o mundo reze pelo sucesso da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 em Glasgow porque “o tempo (para salvar o planeta) está acabando”. Ele implorou por “sabedoria e força” dos participantes para que tenham em mente as gerações futuras.
E o que todas as tratativas da COP26 têm a ver com cada um de nós, individualmente? Se temos menos de uma década para atingir as metas e os objetivos de desenvolvimento sustentável descritos na Agenda 2030 da ONU, como minimizar os efeitos de uma sociedade com padrão insustentável de produção e consumo e contribuir para a preservação da vida na Terra?
O futuro é coletivo! Nesse momento planetário crítico, é fundamental que a gente abandone comportamentos individualistas e passe a agir de forma coletiva, adotando atitudes simples e cotidianas, fazendo escolhas mais conscientes, sensibilizando e sendo exemplo para outras pessoas.
Para isso, compartilho aqui algumas importantes sugestões do Instituto Akatu – Consumo Consciente e Sustentabilidade (akatu.org.br).
Compre itens de segunda mão: Sempre que possível, frequente brechós, conserte ou dê novos usos aos objetos antes de descartar. Você ajudará a prolongar a vida útil do produto, o que otimiza o uso dos recursos consumidos no ciclo de vida do item;
Evite o desperdício de comida: a produção de alimentos é uma atividade que consome muita água. Além disso, a decomposição de resíduos orgânicos é uma grande emissora de gases de efeito estufa. Sem mencionar a questão social, em um país com 19 milhões de pessoas em situação de fome;
Reduza o consumo de carne vermelha: a pecuária é uma das atividades que mais emite gases de efeito estufa, devido às queimadas e desmatamentos criminosos para a extensão da área produtiva, além do processo digestivo dos animais, principalmente do gado bovino, contribuindo significativamente para o aquecimento global;
Faça pequenos trechos a pé ou de bicicleta: evite o uso do carro e a sua consequente emissão de gases de efeito estufa. Você contribui utilizando um meio de locomoção limpo e ainda pratica um hábito saudável;
Diminua o volume de resíduos: eles poluem os mares e contaminam os solos. O descarte incorreto de resíduos causa degradação ambiental, pode disseminar doenças e ainda emite gases poluentes no caso da decomposição orgânica ou na queima de materiais tóxicos;
Pratique a coleta seletiva: nossa maneira de consumir está diretamente relacionada com a quantidade de resíduos que geramos. Pense em reduzir seus resíduos, encaminhando-os adequadamente. Mas antes higienize minimamente o material, visto que tem valor econômico para os catadores.
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