Por que o desenho é tão importante para as crianças e psicólogos o usam como ferramenta diagnóstica?

Dolce Criança

Cynthia Wood Passianotto

Através do desenho, a criança cria e recria individualmente formas expressivas juntando a percepção, imaginação, reflexão e sensibilidade

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O grafismo infantil não é um conjunto de rabiscos ou desenhos desprovidos de significados, mas sim uma representação simbólica que a criança manifesta sobre sua visão do mundo, enquanto inserida num determinado contexto sociocultural e num determinado nível de desenvolvimento.

Através do desenho ela cria e recria individualmente formas expressivas juntando a percepção, imaginação, reflexão e sensibilidade.

Através do desenho a criança mostra o momento vivido. Nele ela expressa suas emoções, sensações e percepções. Pelo desenho a criança revela coisas que se passam no seu íntimo e que ainda não é capaz de revelar pela fala.

A criança, ao desenhar, passa por diferentes estágios (etapas) que definem formas de desenhar que são bastante similares em todas as crianças, apesar das diferenças individuais de temperamento e sensibilidade.

O desenho infantil e suas fases de desenvolvimento

De 1 aos 3 anos

É a idade das famosas garatujas: simples riscos (movimentos rítmicos de ir e vir), ainda desprovidos de controle motor. A criança ignora os limites do papel e mexe todo o corpo para desenhar, avançando os traçados pelas paredes e chão. Ela sente prazer ao constatar os efeitos visuais que a sua acção produziu. As primeiras garatujas são linhas longitudinais que, com o tempo, vão se tornando circulares e, por fim, se fecham em formas independentes, que ficam soltas na página. No final dessa fase, é possível que surjam os primeiros indícios de figuras humanas, como cabeças com olhos.

De 3 a 4 anos

Já conquistou a forma e seus desenhos têm a intenção de reproduzir algo. Ela também respeita melhor os limites do papel. Mas o grande salto é ser capaz de desenhar um ser humano reconhecível, com pernas, braços, pescoço e tronco.

Imagem de Freepik

De 4 a 5 anos

É uma fase de temas clássicos do desenho infantil, como paisagens, casinhas, flores, super-heróis, veículos e animais, varia no uso das cores, buscando um certo realismo. Suas figuras humanas já dispõem de novos detalhes, como cabelos, pés e mãos, e a distribuição dos desenhos no papel obedecem a uma certa lógica, do tipo céu no alto da folha. Aparece ainda a tendência à antropomorfização, ou seja, a emprestar características humanas a elementos da natureza, como o famoso sol com olhos e boca. Esta tendência deve se estender até 7 ou 8 anos.

De 5 a 6 anos

Os desenhos baseiam-se sempre em roteiros com princípio, meio e fim. As figuras humanas aparecem vestidas e a criança dá grande atenção a detalhes como as cores. Os temas variam e o fato de não terem nada a ver com a vida dela são um indício de desprendimento e capacidade de contar histórias sobre o mundo. Nesta idade surge também a tendência para a antropomorfização, ou seja, dar características humanas a elementos da natureza, como o famoso sol com olhos e boca (esta tendência prolonga-se até aos 7 ou 8 anos).

De 7 a 8 anos

O realismo é a marca desta fase, em que surge também a noção de perspectiva. Ou seja, os desenhos da criança já dão uma impressão de profundidade e distância. Extremamente exigentes, muitas deixam de desenhar, quando acham que seus trabalhos não ficam bonitos.

De 9 a 13 anos

A linha de base e do horizonte encontram-se cobrindo o espaço em branco que existia na fase anterior, tendência para as linhas realistas. A linha de base exprime: base, terreno, os objetos são desenhados perpendiculares a esta linha. A linha do horizonte exprime o céu. Maior rigidez resultante da atitude egocêntrica e da ênfase sobre detalhes como roupas, cabelos, etc. Diferença acentuada entre meninas e meninos, maior consciência do eu em relação ao sexo. Idade do bando, meninos junto de meninos e meninas junto de meninas. Aproximação realista inconsciente, tendência a disposição visual ou não visual, amor a ação e a dramatização. Introdução das articulações na figura humana, atenção visual às mudanças de movimento introduzidas através do movimento ou da atmosfera. Espaço tridimensional expresso pelas proporções diminuídas dos objetos distantes.

Qual é o objetivo do teste do desenho nos consultórios?

Como já podemos adivinhar, o desenho é e continuará sendo aquele cenário simbólico em que a criança reflete uma boa quantidade de informação. Os desenhos e os jogos são dois recursos ideais para o psicodiagnóstico infantil. Portanto, o teste do desenho figura humana, casa, árvore e família (HTP) é estabelecido como um recurso ideal para todo psicólogo ou terapeuta infantil. Os objetivos que você irá alcançar com este instrumento são os seguintes:

  • Conhecer as dificuldades de adaptação da criança ou adolescente em seu ambiente;
  • Fortalecer a qualidade dos laços afetivos;
  • Saber como eles se veem e como sentem as relações familiares;
  • Identificar possíveis conflitos com alguns membros da família;
  • Avaliar o amadurecimento emocional e psicológico da criança ou adolescente;
  • Avaliar o estilo de comunicação familiar;
  • Descobrir o que o preocupa em seu ambiente;

Por outro lado, você deve se lembrar de que o mais importante deste teste é o aspecto emocional. Com isso, não procuramos apenas um desenho. O profissional deverá promover um diálogo confortável e fluido com a criança enquanto esta desenha. Traço a traço, linha por linha, a criança deve ir abrindo seus sentimentos, emoções e preocupações enquanto mergulha em seu próprio desenho.

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Cynthia Wood Passianotto  é psicóloga e escreve quinzenalmente na Dolce Morumbi.

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