Bruxa.
Foi assim que a nomearam — não por feitiço ou maldição
Mas porque sua alma era indomável
Livre de títulos, rótulos e moldes frágeis demais para contê-la.
Bruxa!
Gritaram, assustados com aquilo que não podiam entender
Ela fugia do padrão
Não era casta, nem pura, nem domesticada
Trazia em si o gosto do proibido, do selvagem, do eterno feminino.
Bruxa.
Seu sorriso era fácil, como quem não deve nada ao mundo
A risada ecoava como feitiço
E o olhar… quente, sensual, provocativo
Como se enxergasse por dentro, até o osso da alma.

Chamaram-na de bruxa
Porque ela sabia
Sabia demais
Seu saber era ancestral
sua ligação com a terra, visceral
E com o invisível… íntima.
Bruxa!
Nas suas mãos, a alquimia fluía com a mesma naturalidade
Com que seus pensamentos criavam e seu ventre gestava mundos
Ela era o caos e a cura
O presságio e a benção
A sombra que dança com a luz.
Bruxa.
Não por magia
Mas por ser inteira
E inteira, neste mundo
É o que mais assusta.

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