Hipnotizada…
Fixada no tom metálico e ardente de teu olhar
Onde o bronze incandesce em silêncio profundo
Há mais que cor — há feitiço
Há sentença velada em brasas que crepitam sob as sombras
Tuas íris, auréolas de ouro em combustão
Cintilam como fagulhas do fim
Do fim da razão, da margem, do nome.
Aquela luz…
Aquela cor…
Não pertence ao mundo dos homens
É crepúsculo profano, é invocação
É voz de um tempo esquecido
Que sussurra em línguas mortas ao ouvido da carne
Há magia em ti
uma fome antiga que não fere — devora
Com ternura, com fervor.
Me perdi.
Me rendi.

Afundei nas espumas douradas
Que se encrespam em ondas no mar dos teus cabelos
Serpentes doces deslizando pela torre do teu pescoço
Exalando um perfume — doce demais
Como néctar proibido
Que embriaga a alma e desperta os instintos.
Ao tocar teus fios, mergulho
Sem pressa, sem volta
Ali não há margem
Só vertigem
Um desejo sem nome
Que se sente, se sofre, se adora.
Nos teus braços de alabastro
Descobri que até a pureza abriga o caos
Não eras abrigo — eras altar
E tu, divindade incandescente
Ateavas incêndios com a pele
Teu toque… sentença e delírio
O estopim da entrega.

Ali, onde a paz não ousa entrar
A paixão dança nua
As vontades, insaciáveis, regem a música
E eu
Inteira, me dou
Devota, condenada.
Porque ali, onde a razão se desfaz
Só o desejo reina
E ele…
Ele conhece bem o caminho para o fim.
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