Por Dione Lopes
Nos últimos anos, a fotografia, impulsionada pelas redes sociais, tornou-se uma parte intrínseca da vida cotidiana, principalmente com a popularização de aplicativos como o Instagram. A imagem se tornou não apenas uma forma de expressão, mas também um parâmetro de aceitação e validação social. Neste aspecto, pesquisas já indicam que a constante exposição a imagens cuidadosamente tratadas ou com filtro podem ter um impacto significativo na autoestima, especialmente entre os jovens.
Se por um lado a fotografia permite que os indivíduos se vejam sob uma luz positiva e como um poderoso impulsionador de autoestima, especialmente quando veem suas fotos sendo elogiadas ou recebendo “curtidas”, funcionando como uma ferramenta de empoderamento e oferecendo aos indivíduos a oportunidade de se autoafirmarem e se expressarem; por outro lado podem promover comparações e padrões de beleza idealizados, resultando em sentimentos de inadequação e insatisfação consigo, promovendo distúrbios de imagem, depressão e ansiedade.

A relação entre o que se vê nas redes sociais e a autoestima é complexa. Por exemplo, uma pesquisa da American Psychological Association revelou que o uso excessivo de redes sociais está associado a altos níveis de comparação, o que pode afetar negativamente a autoimagem. Esse fenômeno, comumente referido como “disforia da imagem”, aponta para a importância de uma discussão mais ampla sobre como as imagens moldam a percepção de nós mesmos.
Profissionais de fotografia, assim como eu, precisamos promover uma conscientização sobre a importância em exaltar as diferenças e minimizar os impactos da edição de imagens, ajudando a mitigar efeitos negativos. Neste caminho, campanhas que promovem a aceitação da beleza natural e autenticidade estão emergindo, apresentando um contraponto ao padrão predominante de “perfeição” exibido nas redes sociais. Iniciativas que encorajam usuários a compartilhar fotos sem filtros, mostrando a realidade de suas vidas, estão começando a ganhar destaque, o que é muito importante. Essa conscientização pode servir como um antídoto contra a comparação e ajudar os indivíduos a cultivarem uma percepção mais saudável de si mesmos.

Em um mundo cada vez mais visual, a fotografia tem o poder de moldar percepções e experiências emocionais. Estratégias para promover uma relação saudável com a imagem e reduzir o estigma da inadequação são fundamentais. O desafio, portanto, é garantir que a fotografia, enquanto uma forma de arte e comunicação, sirva como um meio de celebração da individualidade e da diversidade, um meio de guardar memórias e revivê-las sempre que possível, e não como um veículo de insegurança e comparação. Ao olharmos para o futuro, é crucial que a sociedade se comprometa a promover uma narrativa visual que valorize a autenticidade e a autoestima em todas as suas formas.
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