É preciso avançar da visibilidade para o reconhecimento Trans

A celebração do Dia Nacional de Visibilidade Trans é uma oportunidade para amplificar as vozes, sensibilizar a sociedade e continuar avançando em direção a um ambiente mais inclusivo e respeitoso para todos

Imagem de Carolina Jaramillo em Canva Fotos

Por Vanya Sansivieri Dossi

Neste dia 29 de janeiro de 2004, ativistas travestis, transexuais e transgêneros realizaram o lançamento da primeira campanha contra a transfobia no país, “Travesti e Respeito”, com parceria do Departamento DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, no Congresso Nacional em Brasília.

Após a ação, as 52 organizações afiliadas à ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), em todo o país, foram convidadas a sair às ruas e reivindicar seus direitos em suas localidades. A ação deu reconhecimento a importância da garantia de direitos das pessoas trans e a partir daí, o Dia Nacional de Visibilidade Trans é celebrado anualmente.

A luta por direitos e visibilidade é fundamental para a construção de uma sociedade mais inclusiva e justa. Essas ações pioneiras destacam o papel crucial das organizações e ativistas na defesa dos direitos humanos e na promoção da igualdade para a comunidade trans.

É importante lembrar e reconhecer esses marcos históricos, pois ajudam a contextualizar o progresso alcançado e os desafios contínuos que a comunidade trans enfrenta. A celebração do Dia Nacional de Visibilidade Trans é uma oportunidade para amplificar as vozes, sensibilizar a sociedade e continuar avançando em direção a um ambiente mais inclusivo e respeitoso para todos.

Imagem por Lindsay Ryklief em Canva Fotos

As questões relativas ao gênero do indivíduo são uma parte relevante do grande tema da sexualidade humana. De modo histórico, a mudança de gênero esteve presente e foi percebida de maneiras distintas por diferentes perspectivas ao longo da história. Em várias culturas, existem expressões de gênero que não se enquadram necessariamente nos binarismos tradicionais de masculino e feminino.

Ao longo do século XX, houve uma evolução significativa nas abordagens médicas e psiquiátricas em relação às pessoas trans. O diagnóstico de “transtorno de identidade de gênero” foi incluído no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) da American Psychiatric Association. Entretanto, esse diagnóstico foi criticado por patologizar a identidade de gênero e contribuir para o estigma em relação às pessoas trans. Em junho de 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou oficialmente o diagnóstico chamado “transtorno de identidade de gênero”, conceito que enquadrava a transexualidade como condição pertencente ao rol de transtornos mentais.

Segundo o Dr. Alexandre Saadeh “em termos acadêmicos, o diagnóstico médico é reconhecido atualmente como ‘incongruência de gênero’, de acordo com a 11ª revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11) oudisforia de gênero’, segundo a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da Associação Americana de Psiquiatria (DSM-5).” (Incongruência de gênero, Manole, 2024).

Imagem por TONL Imagery em Canva Fotos

Essa mudança reflete uma compreensão mais precisa e respeitosa da diversidade humana em relação à identidade de gênero. A transexualidade, ou qualquer identidade de gênero diversa, não é mais considerada uma doença ou transtorno, mas sim uma variação natural e legítima da expressão da identidade de gênero.

Reconhecer a transexualidade como uma condição, e não como uma patologia, é fundamental para combater o estigma e promover uma abordagem mais inclusiva e respeitosa em relação às pessoas trans e de gênero diverso. Essa mudança na classificação é consistente com uma visão mais moderna e alinhada com os direitos humanos.

No campo da medicina, a terapia hormonal e as cirurgias de redesignação sexual passaram a ser opções consideradas para indivíduos trans que buscavam alinhar seu corpo com sua identidade de gênero.

Apesar dos avanços, a discriminação e a falta de compreensão em relação às identidades de gênero ainda persistem em muitas partes do mundo. A luta pela aceitação e igualdade continua sendo uma prioridade para muitas pessoas e organizações.

Imagem por Formatoriginalphotos em Canva Fotos

Conceitos:

Identidade de gênero é a noção que cada ser humano tem de ser homem, mulher ou algo entre esses polos. Ela se manifesta por volta dos três anos de idade e vai nos acompanhar ao longo de nossa existência.

Gênero é uma construção sociocultural e pode variar de época para época, período histórico ou valores morais preponderantes. Pode também ser chamada de “expressão de gênero”.

Cisgênero refere-se ao indivíduo que nasceu num sexo e sua identidade de gênero é congruente com ele. Exemplo: nasceu no sexo masculino e sua identidade de gênero é masculina.

Transgênero refere-se ao indivíduo que nasceu num sexo e sua identidade de gênero se desenvolve para o polo oposto ou fica em zona de transição, não se polarizando.

Fontes:

https://www.politize.com.br/visibilidade-trans/

https://ibdfam.org.br/noticias/11504/29+de+janeiro%3A+20+anos+do+Dia+Nacional+da+Visibilidade+Trans

Incongruência de gênero: infância, adolescência e fase adulta da vida / coordenador Alexandre Saadeh, Sandra Scivoletto (in memoriam). – 1. ed. – Santana de Parnaíba [SP]: Manole, 2024.

Vanya Sansivieri Dossi é psicóloga formada pela UNIP e pós-graduada em Sexualidade. Trabalha com a população LGBTQIA+ e colaboradora do AMTIGOS – Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual. Também atua na área da reprodução assistida e sexualidade.

@psi_vanyadossi

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