Dolce Selfcare
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Finalmente pudemos passear ao ar livre após um dia de calor sufocante, com temperaturas acima de 36°. Era tarde, ainda estava abafado, mas podia-se respirar. A rua estava quieta, escura e o Winston se distraía com uma mariposa serelepe.
Completamos a volta na pracinha, claro, com a cena clássica do “GPS embutido”, que o levou diretamente aos locais mais estratégicos para marcar território.
É impressionante como ele consegue transformar uma simples caminhada em uma verdadeira missão de patrulha. Não há um contentamento por inteiro em apenas passear e curtir o ar livre: é preciso deixar uma marca em cada canto da praça. É como se ele dissesse: “Eu estive aqui e este lugar agora me pertence”.
E não adianta tentar apressar o processo, meu Winston Churchill vai no seu próprio ritmo, não permitindo que nenhum cantinho não esteja devidamente “regado”. É como se ele estivesse seguindo um protocolo rigoroso de etiqueta canina e garantindo que todos saibam quem manda no pedaço.
Quem tem au-au me entende…
E lá fomos nós, na caminhada noturna, antes de cairmos na minha cama, desculpem, na cama “dele”. Mamãe é uma convidada para pernoitar, entenderam?
De súbito, um momento prazeroso transformou-se em um pesadelo. O portão da casa de um vizinho foi aberto e de lá saíram correndo quatro cachorros em nossa direção, e o pior, sem coleira.
Sabe transe? É essa a sensação que eu senti, algo nauseante, ao perceber que dois dos quatro cães estavam prestes a atacar o meu. A minha reação foi a de puxar meu cachorro para trás, mas não teve jeito, tanto o Pastor Alemão, quanto o Weimaraner, se esgueiraram por entre as minhas pernas, num frenesi selvagem e sentiram o gosto da carne do meu Winston acuado.
Eu gritava e gritava, os cães latindo, rosnando e entre todos os sons, faltava um: o do meu cão. Os donos apareceram e conseguiram prender os agressores à muito custo.
Olhei para trás e lá estava ele, tremendo, quieto, sentado com a lombar toda curvada, quase uma corcunda e com os olhos baixos, mansos e tristes.
Desabei no choro procurando pelos ferimentos na noite escura, auxiliada pelo dono dos cachorros, também em lágrimas e pedindo perdão.
A sensação é de medo, confusão e dor. A adrenalina corre pelo corpo, o coração dispara, e a mente luta para entender o que acabou de acontecer. Os sentimentos de tristeza e raiva também surgem, tanto pela violência do ataque, como pela incompreensão do comportamento humano. A sensação de vulnerabilidade e insegurança é avassaladora e a dor das mordidas e arranhões que o meu peludo devia estar sentindo, também se fez presente em mim, que fui incapaz de protegê-lo.
Voltamos para casa arrasados: ele de rabo baixo e me puxando para chegar logo e eu, como dizer?… Também de “rabo baixo”.
Tratei os ferimentos e nos recolhemos em silêncio. No dia seguinte, os donos dos cachorros enviaram uma veterinária para analisar as feridas, que, felizmente, não eram tão graves. Ficamos cuidando dele, dando antibióticos e mimando mais do que o normal.
Como um ser que vive de afeto pode compreender tamanha agressividade? Não pode, nem deve. A verdade é que o amor dos cachorros é sim diferente do nosso, mas não menos intenso. Enquanto nós, humanos, expressamos nossos sentimentos de diversas maneiras, os cães demonstram os seus através de gestos simples, como abanar o rabo, nos lamber, seguir o tempo todo, ou simplesmente ficar ao nosso lado quando estamos tristes ou doentes.
A vida de um cão é preenchida pela nossa vida. Simples assim.
Por mais incrível que pareça, cachorros são capazes de sentir empatia e até mesmo perceber quando estamos passando por momentos difíceis. Eles podem não entender o conceito de violência, mas obviamente são capazes de sentir sofrimento, dor física e mental, inclusive a nossa.
É por isso que, mesmo sendo diferentes de nós em muitos aspectos, os quatro patas são seres excepcionais que nos ensinam o verdadeiro significado do sentimento pleno. Eles estão sempre prontos para nos dar carinho, companhia e alegria, sem pedir nada em troca, além de afeto e cuidados.
Ter um cão é aprender a ser melhor, menos egoísta e perceber que a natureza vai muito além do humano. Ela é isenta de voz e raciocínio, mas abundante de uma sabedoria oriunda do bem, honesta, legitimando toda sua beleza.
Cabe a nós respeitar os outros seres vivos, assim como nós mesmos.
Esse foi o sexto ataque que eu sofri no meu condomínio, portanto algo está bem errado no que tange o comportamento dos donos.
Andar com cachorros é uma atividade prazerosa e saudável não apenas para os pets, mas também para seus tutores. Além de proporcionar exercício físico, socialização e diversão, o passeio com os cães fortalece o vínculo entre o dono e o animal de estimação.
Entretanto, é de extrema importância que os cachorros sejam sempre passeados com coleira, por questões de segurança, controle e até mesmo respeito ao espaço público. Ela é fundamental para evitar acidentes, como fugas inesperadas ou ataques a outros animais.
Um exemplo disso é um caso de um cachorro sem coleira que, ao avistar um gato na rua, corre em direção ao animal e é atropelado por um carro.
Quem é o culpado, o motorista ou o dono do cachorro sem coleira? Nem preciso responder, né?
“Mas meu Bob é bonzinho!”
Bonita, eu sei! Mas em casa eles mantém um comportamento e na rua, outro. Cães são territorialistas e não querem intrusos no pedaço deles. Se você ainda não se convenceu, eles também são imprevisíveis e agem por instinto.
Ainda não?
É obrigatório por lei, independentemente da raça ou tamanho e ponto.
É incrível como muitos se preocupam em ensinar truques circenses e comandos para os seus cãezinhos, mas esquecem que nós, humanos, também precisamos de uma boa dose de treinamento!
É comum ver por aí pessoas passeando com seus cachorros livremente, deixando-os soltos e sem controle. Mas nós, como seres racionais, deveríamos saber que a coleira é fundamental para garantir a segurança não só do animal, mas também das pessoas ao redor.
Não é justo esperar que os cães se comportem adequadamente se não damos o exemplo. O adestramento dos humanos deve incluir o respeito ao espaço alheio, o cumprimento das regras de convivência e, é claro, o uso correto da coleira.
Então, da próxima vez que você sair para passear com o seu peludo, lembre-se de prendê-lo e, de quebra, treine um pouco também o seu próprio comportamento. Afinal, somos nós os dotados de raciocínio, não eles!
O aprendizado da convivência de forma harmoniosa e prudente é constante. Enfim, um “humanozinho” bem treinado é fundamental para o equilíbrio de todo o ambiente ao seu redor.
Vivemos em um “mundo cão”, o cenário atual é de guerras, sofrimento e discórdia. Os dedos acusatórios vão para nós mesmos, então, um belo de um grilhão humano se faz necessário de tempos em tempos. Senão, minhas bonitas, vira terra de ninguém e o caos é instaurado.
Aproveitando o ensejo da proximidade da Páscoa, esse ano não vou fazer maquiagem, mas sim reiterar o tema do artigo anterior: a importância de criarmos consciência sobre o que nos rodeia, além de nós mesmos.
Pensa comigo, bonita cachorreira, de que adianta só se lambuzar de chocolate se continuamos com hábitos ruins? Aliás, manera, hein?
E lembre-se: a Páscoa não é apenas sobre renovação, mas também sobre compartilhar amor e generosidade. Que tal aproveitar essa época para espalhar um pouquinho mais de carinho e compaixão por aí?
Fica a dica para usufruirmos desse momento de inovação para repensar nossas atitudes e sermos melhores. Chocolates são deliciosos, mas uma mudança positiva em nossas vidas pode ser ainda mais gratificante.
Vamos frequentar mais a escola do adestramento humano!
Feliz Páscoa!
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