Estamos em época de lua cheia, eclipse, lua de sangue, e nada melhor do que falar de rituais da lua, não acha?
Há uma noite por mês em que a lua chega sem pedir licença e ilumina até os cantos mais quietos da alma. É quando eu chamo meus filhos e digo, “vamos lá fora, a lua está nos esperando”. Eles se entusiasmam, pois sabem que vem um momento único, e quando chegamos na sacada, aquela luz prata viva banha nossos rostos e algo muda. O mundo fica em pausa por alguns instantes.
Não precisamos sempre de velas coloridas ou cerimônias complicadas. Menos é mais quando se trata de falar com a lua. Nos sentamos no chão da varanda e simplesmente olhamos. Deixamos os olhos se ajustarem àquela luz antiga que já iluminou centenas de gerações antes de nós, que já vivenciou tantas histórias.

Eu pergunto o que eles estão sentindo. E as respostas sempre me surpreendem. Às vezes é um silêncio que fala mais que palavras. Outras vezes é um segredo que só a lua merece ouvir. Rafael já disse que sente como se a luz limpasse a bagunça do seu dia. Já a Sara, uma vez, sussurrou que a lua parecia lhe dar um abraço.
Criamos pequenos rituais que nascem na hora. Às vezes escrevemos num papel o que queremos deixar ir e queimamos na chama de uma vela sob o olhar da lua. Outras vezes, apenas agradecemos em voz alta pelas coisas boas que aconteceram. Tem noite que nos divertimos vendo detalhes da forma da lua; outras, ficamos em silêncio, ouvindo o mundo noturno aceitar a luz lunar.
O mais bonito é ver como eles, aos poucos, internalizam esse ritual e se conectam cada vez mais com a natureza. Já aconteceu de meu filho adolescente me procurar numa noite de lua cheia e dizer, “Mãe, a lua está linda, vamos lá fora?”. E naquele momento, eu sei que plantei algo maior que um hábito: plantei uma conexão.
Esses momentos nos lembram que fazemos parte de algo maior. Que nossos problemas são temporários, mas a lua sempre voltará, majestosa! Que a vida é feita de ciclos e recomeços. E que mesmo nas noites mais escuras, há uma luz que persiste em iluminar nossos caminhos.

No final, voltamos para dentro de casa com o coração mais leve e o espírito mais calmo. Eles vão dormir com um pedaço de lua na janela, e eu vou dormir sabendo que criei um laço que nem o tempo apagará.
Você também pode começar hoje. Não precisa ser perfeito. Basta uma varanda, um quintal, até uma janela aberta. Quantas noites de verão dormi com a janela aberta apenas para que a lua iluminasse minha cama e eu adormecesse admirando-a.
Chame seus filhos, olhem juntos para a lua e deixem a magia acontecer. A noite é paciente, e a lua está sempre pronta para receber quem quer se conectar.
Nossa vida é corrida, sim, mas algumas pausas são sagradas e necessárias. E a lua cheia é uma delas.
Experimente!