Por vezes o que torna a vida incansável é a espera na angústia e na vontade pelo excepcional
Vidas Atravessadas
Sorriso que me vem entre o sol e a lua
No mesmo caminho pela mesma rua
Sempre a chuva a me refrescar
Beijo solitário num momento escondido
Vidas atravessadas num trevo perdido
Quase sem o tempo a se entregar
Como vem, e é só
Tamanha a vontade de brincar com você
Não tem, e é só
Um mundo esperando pela nossa espera
Suspiros ofegantes em abraços roubados
Pernas em cambaleio num tremor sufocado
O que se sente vem arrebatar
Como vem, e é assim
A sedução em jogo com o acaso
Vem, e é assim
Teu sorriso sempre aceso para mim
Olhos Na Cidade
Com olhos na cidade,
no asfalto acendo as luzes
Em carros automóveis,
em trevos ou viadutos
Abusos em perigo, calçadas e dejetos
Entre becos e botecos, estamos sem saída
Acordando um pouco mal,
sem notícias do real
Acordo assustado, em faixa de pedestre
Faróis quadriculados, é signo que se obedece
Um igual bem ao meu lado,
emite a sua agonia
Sem ar-condicionado, repete o dia a dia
Um estrondo, um temporal,
uma tragédia semanal
Com os olhos na cidade
Uma Outra Transa
Sente-se um pouco aqui,
verá não tem mal nenhum
Prazer que se encontra assim,
esconde-se todo nu
Não repare, há sempre bagunça à solta
À vontade, respire com a alma pronta
Responda a tudo sempre,
bem forte e lentamente
Não deixe fugir e aguente,
é o corpo que grita e sente
É natural, a beleza de ser normal
Experimente uma dor
que está sempre ausente
Recobrar todos os sentidos,
sentir tesão novamente
Olhar com desejo livre,
rolar o corpo suavemente
Afinal, estamos sem final
Sem motivos, pra pensarmos em destino
Vamos gozar a vida como vivemos
Mergulhar no mundo onde nós veremos
O Homem Escondido
Água nos olhos
Os dedos dormentes
Na boca palavras
Mastigam os dentes
Cabelos compridos
O rosto escondido
A pedra cintilante
Bem perto do ouvido
O peito descoberto
Abaixo um umbigo
As pernas apresentam
Joelhos tremidos
O colo que esquenta
Um tatoo descolorido
E o corpo apresenta
O homem escondido
Do Meu Querer
E assim ela fez mistérios
E negou seu coração
Com mais um sopro de lamento
Me aproximei da solidão
Do meu querer só tenho o sonho
De apostar melhor em mim
De acreditar que há lá fora
Um mundo que não tem fim
E assim ela fez encantos
Tornou-se minha oração
Como uma forte expressão de amor
Fez surgir uma canção
Do meu querer só a memória
Vive em meu mundo perdido
De acreditar que não há na história
Desejos proibidos
Colorido Ofuscado
Fizemos tudo certo e nada funcionou
Estávamos bem perto. Em pó desmoronou
O mundo descoberto. Um sonho acordou
Uma estrada no deserto. A janela para o céu
O fogo do inferno aquece o meu
A história vem sem pressa
e atraí poderes naturais
O mundo que nos desperta,
acrescenta-nos plurais
Um colorido ofuscado vem às vezes merecer
Um retoque rebuscado, asas para poder voar
O frio do inverno congela o meu
Labirinto
Imagem destacada para a Publicação
Senti saudades lá de for
Queria ir, levar-me embora
Aqui não há mais tempo e hora
Eu tenho a solidão agora
Neste labirinto de corredores tortos
Circular em falso e errado
Ganhar espaço rindo à toa
Não finjo estar apaixonado
Escolho o tempo e não me encaixo
Neste labirinto de altos muros fortes
Então havia só o silêncio
Um alento no calor e dor
Um nevoeiro muito denso
Eu cego sigo navegador
Neste labirinto fechado na saída
Neste labirinto à sombra de um telhado
Paulo Maia é publicitário, um pensador livre e morador do Morumbi que mantém sua curiosidade sempre aguçada
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