Ao conversar com os pais no consultório sempre ouço reclamações sobre uma criança na classe do filho que tem um comportamento muito negativo: é agressivo, brigão, manipulador ou desobediente. Essas crianças são muito malvistas pelos pais que acabam pedindo aos filhos que não se juntem a elas. Nestes momentos sempre pedem orientação do que fazer.
As dicas que costumo dar:
1 – O primeiro passo é perguntarmos se realmente é uma má influência para o nosso filho. Podemos convidá-lo para casa e passar um tempo com a criança ou com os seus pais para comprovar os seus valores, se são parecidos com os nossos, se é uma criança travessa ou se poderia levar o seu filho por um caminho não desejado mesmo ou colocá- lo em uma situação desconfortável.
2 – Não proibir sem dialogar. Se dermos uma proibição expressa contra a criança é provável que nosso filho ou filha se rebele contra esta regra e continue brincando com o amiguinho que não desejamos. No entanto, se tivermos um trabalho constante em fazer com que o nosso filho veja, com exemplos de coisas que já ocorreram, que esse amigo não é bom para ele, essa mensagem será entendida.

3 – Se o suposto ‘amigo’ agredi-lo de forma repetida é necessário intervir e falar com a escola ou com os pais para que fiquem cientes do que acontece e possam dar um fim a essa situação.
Seja como for, devemos explicar às crianças o que é amizade, para que entendam e compreendam quando um amigo é bom ou ruim. Devem saber que os amigos de verdade são aqueles que não tentam nos prejudicar, mas que nos apoiam, gostam da gente e nos respeitam.
Para que a criança aprenda sobre o valor da amizade, é necessário gerar nelas, noções, conhecimentos, habilidades, emoções, vivências, sentimentos e que a preparemos para viver com harmonia e respeito.
As crianças devem saber quem é um bom amigo e por que, como se comportam os bons amigos, e como manter uma boa amizade. Devem aprender que um bom amigo pode ser para sempre, e que para isso é necessário cultivar e alimentar a amizade, dia após dia, na escola, no parque, na vizinhança, etc. O contato com os iguais faz com que o universo da criança seja ainda mais grandioso e rico. Através do outro, a criança pode aprender sobre o mundo e sobre si mesma.

Os bons amigos:
– Buscam reconciliação quando raramente brigam com seus amigos;
– Compartilham seus brinquedos com as outras crianças;
– Conversam e atendem aos outros;
– Quando ajuda a um companheiro que tenha feito algo ruim, explica-lhe o incorreto e sua correta atuação;
– Se preocupa com seus amigos e se esforça para fazer algo útil em benefício dos amigos;
– Anima o amigo quando está triste;
– Alegra-se com as conquistas positivas dos outros;
– Convida seus amigos para brincarem na sua casa;
– Preocupa-se quando algum amigo está ferido ou doente e vai visitá-lo;
– Demonstra afeto e carinho pelos seus amigos.
Quando a criança consegue perceber quem é bom e quem é ruim com ela naturalmente se afastará de quem não é boa companhia se esta não se modificar quando explicar que o que está fazendo constantemente o prejudica.
O importante é os pais mostrarem esta diferença e uma boa forma é mostrar através de histórias infantis, filmes, desenhos etc.