Por Eduardo Marcondes Suave
Amigo leitor e amiga leitora, você já parou para pensar por que, diante de um conflito, muitas vezes escolhemos o silêncio? À primeira vista, calar-se pode parecer sinal de maturidade e autocontrole. Mas quando essa atitude nasce do medo de se posicionar, o silêncio deixa de ser proteção e passa a ser prisão.
O problema surge quando esse comportamento se repete. O silêncio constante acumula dentro de nós sentimentos de ansiedade, frustração e até depressão. A sensação de não ter voz ou valor mina a autoestima e cria a falsa ideia de que não temos direito de expressar o que pensamos e sentimos.

Existe uma diferença clara entre o silêncio sábio e o silêncio do medo. O primeiro é uma escolha consciente, usada para preservar a paz ou refletir antes de agir. Já o segundo é um reflexo da insegurança, que nos leva a evitar confrontos às custas da nossa saúde emocional.
Quando silenciamos por medo, o conflito não desaparece: ele apenas muda de lugar. Sai do espaço do diálogo e passa a habitar dentro de nós, em forma de angústia e ressentimento. A longo prazo, essa dinâmica adoece, porque ninguém consegue viver bem negando continuamente a própria voz.
Aprender a se posicionar com clareza e respeito é o caminho para transformar o silêncio em escolha — e não em prisão. Falar com serenidade, ouvir com atenção e expressar necessidades sem agressividade nos permite construir relações mais autênticas. O silêncio saudável existe, mas ele nunca deve custar a nossa paz interior.

Referências
Alberti, R. E., & Emmons, M. L. (2017). Your perfect right: Assertiveness and equality in your life and relationships (10th ed.). New Harbinger Publications.
Gross, J. J., & Levenson, R. W. (1997). Hiding feelings: The acute effects of inhibiting negative and positive emotion expression. Journal of Abnormal Psychology, 106(1), 95–103.
Rogers, C. R. (1961). On becoming a person: A therapist’s view of psychotherapy. Houghton Mifflin