Hoje eu vou contar uma estória de amor e tragédia que sempre me fascinou e, acredito, para aqueles que não a conhecem, também irá surpreendê-los
O ano é 1837 e nascia em Munique, Elisabeth Amalie Eugenie von Wittelsbach, em 24 de dezembro, véspera de Natal.
Sua infância foi feliz. Apesar do sangue real e da posição que ocupavam, a pequena nobre e seus irmãos cresceram num ambiente sem muitas formalidades.
Aos 15 anos, Sissi, como era chamada pela família, foi passar um final de semana no castelo do primo Francisco I, juntamente com a mãe e a irmã Helene, uma das candidatas a noiva para o Imperador que escolheria quem seria sua esposa naquela noite.
Imaginem a fila de nobres solteiras caprichadas na beauté, acotovelando-se para se casarem com maior partido da época, dono de um dos tronos mais poderosos, jovem, bonito, riquíssimo, livre e desimpedido!
Após o príncipe encantado dançar com 3 moças, dentre elas Helene e Sissi, ele entregou um bouquet de rosas para a última. O Imperador sentiu uma paixão arrebatadora ao vê-la pela primeira vez. E vice-versa, foi amor à primeira vista para os dois jovens!
Casaram-se pouco depois. A futura Imperatriz chegou em Viena de barco sendo aplaudida por uma multidão emocionada durante todo trajeto pelas águas mansas Rio Danúbio.
Podem suspirar à vontade porque foi um conto de fadas…
Era linda, carismática, entusiasta pela vida ao ar livre, viagens, poesias, encantando a todos que a conheciam.
Muito antes da princesa Diana, ela foi a primeira “celebridade” da monarquia europeia. Uma princesa perfeita para Cinderela nenhuma botar defeito!
A Imperatriz ditava a moda, sendo uma referência para todas as poderosas: as famosas estrelas de ouro branco cravejadas de diamante no cabelo foram uma ideia dela que, até hoje, não saíram da moda. Pode-se dizer que ela era uma “influencer” de primeira!
Inacreditavelmente bonita, com uma cinturinha de pilão depois de quatro filhos, o rosto perfeitamente oval, traços delicados e olhos brilhantes, além de uma enorme cabeleira castanha de fios longos e grossos que chegavam até os pés, não é de se surpreender que tenha sido comparada a Titânia, a rainha das fadas.
“Como ela é linda!” Exclamou o Xá da Pérsia quando ele a conheceu, quebrando todas as formalidades.
Mas, mesmo com o mundo a seus pés, sua vida como imperatriz não foi exatamente o país das maravilhas.
Sissi era conhecida por sua beleza estonteante, mas também por sua personalidade forte e rebelde, além da nítida repulsa aos rígidos protocolos da corte que ela tentou enfrentar em vão com todas as forças.
A vida da monarca austro-húngara foi marcada por inúmeras tragédias pessoais: uma sogra que a detestava e a afastou dos filhos, além da morte de dois dos seus quatro filhos, que acabou atingindo em cheio sua saúde mental.
A famosa soberana personificada pela linda atriz Romy Schneider no alegre filme “Sissi”, tinha um lado sombrio e excentricidades bizarras. Ela era obsessivamente vaidosa e preocupada em manter a beleza juvenil, que já era lendária, além de ser maníaca com o próprio peso.
Numa época em que a magreza estava longe de ser um padrão de beleza, Sissi pesava 45 quilos e media1,73 m.
Ela se pesava três vezes ao dia e, por mais magra que estivesse, nunca estava satisfeita, levando-a a anorexia. Vivia de dietas insanas: durante um período só se alimentava com meia dúzia de laranjas por dia, em outro passava dias à base de sopa. Muitas vezes recusava-se a comer alimentos sólidos e mandava espremer bifes crus, para então beber o caldo, ou usá-los como máscara facial para dormir.
Sim, bonita, isso mesmo que você leu: filé mignon repousando no rosto a noite inteira… E eu aqui só imaginando o preço do quilo da carne nobre hoje em dia.
Bom, continuando, ela era adepta de exercícios e passava cerca 8 horas por dia na malhação, que incluía natação, cavalgada, esgrima e treinos na academia. Não satisfeita, acordava às 5 da manhã e fazia intermináveis caminhadas. Era seguida por um entourage de damas de companhia desesperadas para acompanhar o ritmo acelerado da personalidade mais ilustre da era vitoriana.
Ai, cansei só de escrever!
Falando na era de ouro, sua prima e fundadora da era vitoriana, ninguém menos do que a Rainha Vitória da Inglaterra, mantinha uma rixa pessoal contra Elizabeth. A monarca inglesa, baixinha, atarracada e posta de lado na fila da beleza, sentia uma inveja profunda da parente badalada.
O que dizer? Sangue azul também esquenta nas veias de cabeças coroadas…
E a tortura continuava com espartilhos triplos que com certeza a asfixiavam o dia inteiro.
Bonitas, pasmem: a cintura media 48 cm!
A majestade mais jovem da história do império austríaco, tomava banhos quentes de azeite todas as noites para manter a pele macia e suave, uma prática que foi adotada pelos spas até hoje. Névoas faciais de rosa ou lavanda eram usadas para proteger sua pele contra inflamações e infecções, além de inúmeros outros artifícios naturais para manter-se sempre jovem e impecável.
E a ilustre cabeleira? Era tão longa que ela passava 3 horas penteando.
Bom, naquela época os nobres tinham tempo de sobra…e cabelo também! sic
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Vaidosa ao extremo, Sissi cultivava a mania de colecionar fotografias de outras mulheres bonitas só para comparar, lembrando outra famosa narcisista:
“Espelho, espelho meu, existe alguém mais bela do que eu…?”
Apesar da aparência jovem, após os 32 anos, não se deixou mais ser pintada, nem fotografada, apavorada pela ideia de ser lembrada com as marcas da idade.
A obsessão da soberana era tão grande, que ela acreditava que choques térmicos podiam ajudá-la a perder peso, mantendo o hábito de tomar banhos de vapor e depois mergulhar numa banheira com água congelante de 7 graus!
Resultado? Foi diagnosticada com desnutrição e problemas pulmonares.
Com o passar dos anos, ela cobriu o rosto quase sempre com véus escuros, mas até na velhice conservou uma cintura de vespa, medindo 50 cm de circunferência.
Muito doente e sem comer, Francisco I, numa tristeza sem fim, implorou a esposa que se tratasse e ela internou-se na Suíça.
No dia 10 de setembro de 1898, aos sessenta anos e hospedada incógnita em um luxuoso hotel em Genebra, a monarca dispensou seu segurança pessoal e a segurança da polícia da cidade. Ela se dirigia para pegar um barco a vapor, acompanhada apenas por sua dama de companhia e, quando estava embarcando, um jovem anarquista a golpeou cirurgicamente no coração por um fino estilete caseiro em forma de agulha.
Pouco depois, ela morreu. A joia da Áustria e rainha consorte da Hungria silenciou a Europa, levando consigo toda melancolia, alegria, desequilíbrios, amor e beleza sem igual, embalada pela lembrança dos luxuosos salões do Palácio de Schönbrunn borbulhando champanhe e vestidos de sonhos rodopiando ao som das valsas vienenses.
Elisabeth da Baviera foi uma mulher à frente de sua época: criativa, audaciosa e dotada do pensamento baseado na liberdade individual. A jovem alemã que irradiava alegria teve que abdicar da Sissi dos campos para enquadrar-se aos duros moldes palacianos.
Assim, como na realidade de qualquer plebeu, ela passou por bons e maus momentos, porém, sempre exageradamente extremos quanto a intensidade, fazendo com que na mesma proporção em que amou, sofreu.
Mas num balanço geral, Sissi levou uma vida extraordinária que foi eternizada em pinturas, filmes, seriado, livros, teatro e na nossa memória que não nos deixa esquecer da linda mocinha simples que foi a escolhida do jovem imperador num baile do palácio encantado.
Os artigos assinados não traduzem ou representam, necessariamente, a opinião ou posição do Portal. Sua publicação é no sentido de estimular o debate de problemas e questões do cotidiano e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo
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