Neste próximo Dia Internacional das Mulheres, para além das flores, elas merecem um tipo diferente de buquê que deve ser entregue todos os dias
Os textos, artigos e opiniões publicados nesta seção não traduzem ou representam a opinião ou posição do Portal. Sua publicação é no sentido de estimular o debate de problemas e questões do cotidiano e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo
Por Jéssica Chagas Lydes
No Dia Internacional das Mulheres uma profusão de flores é entregue por todos os lados. Antes mesmo de levantar-se da cama, certamente uma mulher já recebeu uma mensagem de parabéns acompanhada por uma rosa virtual, senão por um buquê real e bem florido.
As flores, sem dúvida, têm papel garantido para representar esta data. O que não podemos esquecer é que o 8 de março vai além da celebração, deve lembrar que graves problemas de gênero ainda persistem por todo o mundo. E que, para além das flores, as mulheres merecem um tipo diferente de buquê que deve ser entregue todos os dias.
Um buquê de respeito. Grande e florido, com pétalas de igualdade de direitos, ramalhetes de cumprimento às leis de proteção à vida da mulher, botões de reconhecimento florescendo, folhas largas de valorização e o aroma marcante e reconfortante da dignidade. Sem as ervas daninhas do machismo, da misoginia e da violência. Um arranjo forte para afastar as piadas que, mesmo feitas sem perceber, diminuem e constrangem. Que seja forte para deixar longe o silêncio que incentiva tais comentários, quando tudo o que se deseja ouvir é uma voz de defesa. Sim, somos fortes, corajosas e lutadoras, mas também queremos ouvir outras vozes ecoando nossas lutas.
Um ramalhete de flores tem o seu valor. Mas em uma realidade na qual milhares de mulheres sofrem violência diariamente, esse não pode ser o presente para esta data tão representativa. Enquanto mulheres ainda recebem salários inferiores, são abusadas, violentadas e culpadas mesmo sendo vítimas, as flores não podem vir desacompanhadas.
Em um país com a quinta maior taxa de feminicídio do mundo e onde 35 mulheres são agredidas física ou verbalmente por minuto, o buquê de respeito precisa ser entregue antes das flores. Não é fácil colher os elementos de um buquê tão valioso quanto esse. É preciso apurar todos os cinco sentidos e acrescentar mais um: a empatia. Pois só nos abrindo para ver o que vai além das nossas vivências, olhando para o outro e suas dores, é possível colher a preciosidade que é o respeito.
J.C Lydes tem 30 e poucos anos, é baiana, de Salvador, e mora em São Paulo. Formada em jornalismo e com MBA em mídias digitais, trabalhou por dez anos com publicidade e marketing digital, até se descobrir como escritora e mudar completamente de carreira. Tornou-se autora de ficção por paixão aos livros e atualmente se dedica exclusivamente a isso. Seus livros, publicados na Amazon, possuem mais de dois milhões de páginas lidas. De forma independente, lançou A Herdeira – Entre sangue e mentiras, A Queda da Rainha – Jogando com o coração e Nascida nas Sombras – O surgimento de uma lenda e mais recentemente, escreveu “A história de como eu morri” (publicamos a resenha aqui da Dolce no artigo “Força feminina na ruptura do ciclo da violência”).
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