Discussões no relacionamento

Discutir em um relacionamento é um algo para se aprender em um processo contínuo

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Por Dra. Andrea Almeida

A cada dia e cada etapa no relacionamento traz novos aspectos a serem desenvolvidos. Discutir numa cultura que ainda funciona de forma cartesiana, tem uma conotação negativa.

Numa compreensão sistêmica, cada situação pode ser vista no seu aspecto positivo e também no aspecto negativo. De forma elegante, uma discussão pode ser ética, criativa e leve. Instrumentar-se para ter discussões leais é aprender a discutir elegantemente. Uma discussão construtiva é o desenvolvimento de uma habilidade cooperativa, como uma dança. É uma proposta que, paradoxalmente, conduz a uma harmonia maior entre as pessoas.

Por que duas pessoas que se amam discutem?

As discussões podem estar associadas à TPM, problemas externos e mágoas do passado ainda não digeridas, além da falta de perdão e de aceitação do outro tal como ele realmente é

Certamente há assuntos que devem ser dialogados entre o casal para que haja melhoria no bem-estar dos envolvidos.

As principais causas de conflito nos relacionamentos partem de dificuldades emocionais e pessoais que refletem em algum nível nas relações sociais, amorosas e familiares.

Desta forma, constituem-se vínculos carregados de dependência, que servem como muletas ou bengalas emocionais. É uma adaptação ao estilo um do outro no início do casamento: as diferenças inerentes aos homens e às mulheres. O nervosismo provocado pelo cansaço. Divergências sobre como criar os filhos ou administrar as finanças.

Como manter o relacionamento sadio?

Quando as discussões chegam a um ponto no qual o diálogo não acontece, ou seja, torna-se apenas uma troca de desaforos é o momento de procurar um psicanalista ou um psicólogo.

São eles que podem ajudar a entender a origem desses problemas e trabalhar para que a pessoa saiba lidar melhor com as situações que causam estresse e angústia.

Discussões constantes não acontecem sempre pelos mesmos motivos, mas costumam ter uma raiz comum: a falta de compreensão mútua. Às vezes, o casal tem pontos de vista diferentes que não são respeitados um pelo outro.

Falta de equilíbrio

É normal que existam pequenas e grandes diferenças entre o casal, tanto no que diz respeito à personalidade como em questões mais práticas como planos para o futuro. Não encontrar um equilíbrio entre essas duas individualidades que convivem, sabendo fazer concessões quando necessário, é um dos conflitos mais comuns. Para enfrentar esse tipo de problema é importante evitar descarregar a frustração no outro. Fomentar o diálogo no casal é importante para criar uma dinâmica em que ambos participam ativamente da busca por soluções, tendo o mesmo peso na hora de tomar de decisões.

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Comunicação negativa

Há comportamentos e expressões que são frequentemente utilizados na rotina de um casal justamente por sua carga negativa, porque servem para ferir o outro durante uma discussão, para assumir o controle em determinada situação, para escancarar sua insatisfação ou aborrecimento etc.

Trata-se de um círculo vicioso que somente serve para aumentar os problemas de comunicação, dar margem às más interpretações e enfraquecer o vínculo entre o casal. Algumas vezes, com um pouco de força de vontade e dedicação, é possível identificar essas posturas nocivas e recorrer mais uma vez ao diálogo para construir novos caminhos.

Outras vezes, porém, é necessário recorrer a um profissional que ajude a identificar e transformar esses padrões de comportamento e expressões construindo novas vias de resposta, mais saudáveis e mais construtivas.

Insatisfação sexual

Nem sempre o problema do casal é a falta de desejo. As disfunções sexuais são mais comuns do que a maioria das pessoas gostam de admitir. Além disso, a dificuldade de falar abertamente sobre o sexo e o prazer, seja por tabu ou por problemas de comunicação, também afeta a satisfação sexual do casal.

Aqui nem sempre ter uma conversa franca com o parceiro(a) é suficiente. É importante saber pedir ajuda profissional, se necessário, tanto de um psicólogo especializado em terapia sexual e casais, como acompanhamento médico.

Divisão de tarefas injusta

Outro problema comum entre os casais e que vai minando pouco a pouco a qualidade do relacionamento é a falta de equilíbrio na divisão de tarefas. Quem cuida dos afazeres domésticos, das contas da casa, das necessidades básicas dos filhos, das compras etc.

O modelo sexista de dividir tarefas, mulheres cuidam da casa e dos filhos e homens pagam as contas, está mais que falido. É importante que ambos se envolvam em tudo e uma forma interessante de minimizar conflitos é fazer uma rotação periódica de tarefas e responsabilidade.

Outro grande vilão da vida de casal são as expectativas irreais, construídas por ambos antes e durante a convivência. O romantismo eterno, a disposição constante para o sexo, a comemoração de cada uma das datas importantes, os presentes, os amigos em comum. Nem sempre tudo acontece como o esperado.

Como citei no início, quando você decide se relacionar com alguém, é importante estar preparado para ir ajustando a ideia que você tem do que seria a vida a dois ao que o outro realmente é capaz de ser ou dar, pois expectativas irreais só geram frustração. Isto feito, sem renunciar a questões indispensáveis para a sua felicidade, pode abrir espaço para um relacionamento real.

Falta de espaço para o “eu”

Viver um relacionamento de casal achando que a vida de ambos se resume àquilo que compartilham no dia a dia é perigoso. Uma vivência feliz demanda amigos, família, trabalho, lazer e momentos de independência.

Quando não se respeita o espaço necessário para exercer essa individualidade, além de estar criando conflitos difíceis de solucionar, se está alimentando uma dependência entre o casal que nunca é positiva. É importante saber estimular esses momentos de independência, algo que impacta positivamente a autoestima e a confiança.

Trate os problemas com seriedade. Relacionamentos saudáveis não se desenvolvem a partir da ausência de conflitos, mas sim ao determinar um padrão agradável para saber como resolver discussões que surgem. Definir regras de engajamento com a pessoa de quem você gosta é muito mais importante do que tentar nunca ter um desacordo.

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Se você se preocupa com alguém, considere estas regras descritas abaixo e saiba como se comunicar e resolver a situação.

Não grite: tente pensar no que realmente aconteceu. Se a outra pessoa está gritando, evite levantar a sua voz também para evitar uma escalada natural de interesses conflitantes.

Sempre inicie e termine a conversa afirmando que se preocupa com a outra pessoa: em meio a um desentendimento, você nunca pode subestimar o poder e a importância de lembrar a outra pessoa que você se preocupa e acredita nela.

Esteja aberto para entender se você cometeu um erro, mesmo tendo a certeza de que não o fez: as pessoas raramente ficam chateadas sem razão. Descubra o que machucou a outra pessoa.

Não fale em generalidades de comportamento da outra pessoa: leve em consideração outras atitudes da pessoa. Falar só dos atos ruins vai gerar ainda mais discussão.

Trabalhe para ser o primeiro a pedir desculpas: embora a ideia de esperar que a outra pessoa se desculpe primeiro seja mais fácil de ser aceita, pedir desculpa pode ser um sinal de que você procura uma reconciliação.

Tente descobrir o que é certo e não em quem está certo: ao pensar sobre o que aconteceu, tente avaliar o certo e o errado com base apenas nas ações gerais, não apenas do seu lado.

Não xingue: linguagem exagerada é muitas vezes a prova de uma compreensão exagerada do que realmente aconteceu. A outra parte provavelmente apenas vai ouvir os palavrões e vai parar de ouvir qualquer outra coisa boa que você falar.

Não ofenda: depreciar uma pessoa sempre muda o foco de resolver o problema real. O abuso verbal nunca é bem-vindo a uma resolução de conflitos.

Lembre-se que a outra pessoa também se preocupa com a reconciliação: uma das causas fundamentais de muitas discussões é achar que a outra pessoa não está com a mente aberta para acabar com ela.

Nunca espere que a outra pessoa preencha um vazio em sua vida: às vezes caímos na armadilha de colocar expectativas impróprias em outras pessoas porque nós esperamos que elas satisfaçam uma necessidade na nossa vida que, na verdade, não são realmente capazes de realizar.

Quando duas pessoas se comprometem em um relacionamento, elas confiam uma na outra, não apenas para as coisas boas. Da mesma forma, nunca é garantido que o relacionamento viva apenas de paz e felicidade, pois discussões sempre aparecem.

Mas como as discussões fazem parte da vida de qualquer casal, o entendimento depois do desentendimento também o são. Quando existe amor, sempre há a possibilidade de superar qualquer obstáculo. Mas é necessário se empenhar para isso e não procurar a fuga como uma saída mais fácil.

Com diálogo e paciência a possibilidade de se resolver uma discussão é mais provável. Porém, para isso é preciso que as pessoas se empenhem. E lutar por um amor verdadeiro vale sempre a pena!

Não desistir à primeira ou segunda discussão acabará por fortalecer a união e cada desafio superado juntos fará dos dois pessoas melhores.

Andrea Almeida é Mestra Doutora em Psicanálise Clínica pela Sociedade Brasileira de Psicanálise; Pós-graduada em Transtornos de Ansiedade, Síndrome do Pânico, Neuropsicanálise, Transtorno Bipolar e Terapia de Casais & Família. Atua também como Terapeuta Holística com mais de 20 especialidades, como Reiki, Cromoterapia, Constelação Familiar, Hipnose, Regressão a vidas passadas entre outras.

Palestrante e empreendedora promove saúde mental e bem-estar através da escuta ativa e do acolhimento.

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