Na jornada da maternidade, uma constante se faz presente: a culpa. Todas nós, mães — sejamos solo, casadas ou atípicas, o que aumenta o grau da culpa — carregamos em nossos ombros o peso desse sentimento. Nos sentimos julgadas a cada passo, a cada escolha que fazemos, pelos outros e pela nossa consciência. O dilema entre a dedicação e o acerto na maternidade e o cuidado conosco se torna uma batalha interna, onde frequentemente nos sentimos derrotadas.
Quantas vezes já nos pegamos pensando que poderíamos ter feito melhor? Que deveríamos ter estado mais presentes, mais disponíveis? Ter feito um pouco mais… Eu mesma me vi consumida por esse ciclo muitas vezes. Recordo de momentos em que, ao me olhar no espelho, mal reconhecia a mulher que antes tinha sonhos próprios, interesses e cuidados que davam cor à minha vida. Em nome da maternidade, deixei de lado pedaços de mim, me esquecendo do verdadeiro valor do autocuidado. Outros momentos, em que olhei para os meus filhos e pensei: podia ter feito diferente ou onde eu errei?
A sociedade nos impõe padrões irreais do que significa ser uma boa mãe. Estamos tão focadas em atender às necessidades dos nossos filhos, de nossos parceiros e do mundo ao nosso redor, que acabamos nos sacrificando no processo. É fácil cairmos na armadilha da comparação, observando outras mães que parecem ter tudo sob controle. Principalmente em tempos de redes sociais onde o online é bem diferente da realidade offline.
Mas, a verdade é que todas nós enfrentamos lutas invisíveis. E esse sentimento de culpa, ao invés de nos motivar, muitas vezes nos paralisa e nos faz esquecer que somos dignas de amor e cuidado e passíveis de erros. Independentemente do resultado, nossos filhos podem aprender com nossos erros, nos vendo como pessoas reais, imperfeitas, e muito do que eles passam, são situações que fazem parte da “história deles” e não podemos mudar isso por mais que queiramos protegê-los.
Precisamos resgatar o amor-próprio e a prática do autocuidado, não só como uma forma de aliviar a culpa, mas como uma necessidade vital. Quando nos permitimos ser vulneráveis e honestas sobre nossos desafios, começamos a abrir espaço para o autoconhecimento e, quem sabe, até para um pouco de compaixão por nós mesmas. Podemos ser exemplo.
Lidar com a culpa não é uma tarefa simples, mas é essencial.
A maternidade é um ato de amor — mas esse amor deve incluir a nós mesmas. Convido você, a refletir: como podemos mudar nossa narrativa interna e colocar a nossa saúde emocional e física no centro da nossa vida tanto quanto a maternidade? Que ações simples podemos incorporar no nosso dia a dia para cuidarmos de nós e, consequentemente, nos tornarmos mães mais felizes e saudáveis? Mães que acertam, erram, mas que estão sempre dando o seu melhor!
Que possamos nos lembrar que a culpa não define o que somos, mas o amor que damos a nós e aos nossos filhos pode transformar nossas vidas.
Afinal, cuidar de si mesma é a chave para uma maternidade mais leve e mais verdadeira. Que possamos encontrar força para mudar essa história e, juntas, curar as feridas invisíveis da culpa.
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