O filme “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles e com nossa Fernanda Torres, nos mostrou muito mais do que aconteceu na época em que o Brasil atravessava um regime político da ditadura militar, mas também como era a vida das famílias de classe média, suas preocupações, seu estilo de vida e o design de uma época, com a perda da ingenuidade política e com manifestações a favor do teatro de vanguarda, das mudanças no cinema e na literatura.
Os anos 60 foram marcados pelo design criativo e pela importância da convivência entre família e amigos, o que marca o conceito em ter ambientes generosos para receber e viver confortavelmente, datando um período diferente de hoje em que os espaços são cada vez menores e a convivência acabou sendo transformada em uma tela de celular, tablet ou computador.
Podemos observar em questão de arquitetura, seja em uma casa ou apartamento, os espaços eram generosos em qualquer ambiente; na sala de estar e sala de jantar, por exemplo, sempre foram integrados para que houvesse uma interação entre as pessoas que estivessem no outro ambiente ou até mesmo enquanto estão fazendo suas refeições, a TV estaria ligada para que se soubesse o que estava acontecendo no mundo.
A época foi marcada por muitos tecidos que eram variados, cores que se contrastam, móveis e eletrodomésticos coloridos, discos de vinil aparentes, quadros e obras de arte não importando quem as tenha feito. Entre os tecidos um dos mais utilizados era o veludo, não importando a temperatura local, pois ele trazia a sensação de conforto em sofás e poltronas em que contrastavam com as cores vibrantes do mobiliário.
Época marcada também pelo uso das cores fossem através de tecidos, papéis de parede ou até mesmo por eletrodomésticos bem coloridos. E quem não teve uma cozinha toda amarela ou toda vermelha que atire a primeira pedra, porque antes de surgir a Air Fryer, você achava o máximo sua avó fazer aquele lasanha e guardar na estufa embaixo do forno, coisas que dataram uma geração que hoje se restringe a eletroeletrônicos de inox e cozinhas com madeira e tons pastéis.
Antes de existir aquela horrorosa poltrona do papai, você poderia vê-lo lendo um livro ou fumando um cigarro em uma poltrona mole do design Sergio Rodrigues que, além do conforto, tinha seu design premiado na Itália e que hoje faz parte do acervo de design do Museu de Arte Moderna (MoMa), em Nova York.
Com estampas psicodélicas ou não, o papel de parede foi muito usado neste período para pontuar espaços assim como o uso de tintas coloridas que aliás, diga-se de passagem, estão voltando com novos nomes e monocromáticas associadas a uma paleta de cores que trazem diversas possibilidades para que você tenha opções de combinação.
Antes das pessoas surtarem com o aparecimento do porcelanato, a madeira era o material mais utilizados para instalação de pisos pelo seu conforto e durabilidade nas áreas sociais e íntimas de uma casa, da mesma forma no mobiliário e em paredes de lambris com escadas que agregavam valores as suas construções.
Através da decoração é possível contar muitas histórias de sua casa, das quais que você jamais pensou ter feito parte. E se você tem mais de 40 anos e intenciona ver o filme de Walter Salles, observe os detalhes na decoração e verá que você, um dia, fez parte em algum momento dela.
See You Soon!
Ainda não há comentários para esta publicação