Você já tentou curtir um momento íntimo, mas a cabeça estava cheia de preocupações? Se sim, bem-vindo ao time! Quando a mente está acelerada, o corpo simplesmente não entra na mesma sintonia e não adianta o outro fazer cambalhota, que não vai resolver. E não, isso não é frescura, a ciência explica: ansiedade e desejo disputam espaço no cérebro.
Nosso corpo é programado para priorizar a sobrevivência, então, quando o estresse bate, o sistema nervoso simpático entra em ação, aquele famoso “lutar ou fugir”. Enquanto você tenta se conectar com o prazer, seu cérebro está ocupado resolvendo problemas, planejando o dia seguinte ou fazendo uma lista mental de pendências. O resultado? O desejo, principalmente aquele espontâneo que surge “do nada”, vai ficando cada vez mais em segundo plano.

E não adianta forçar. Se o sexo vira mais um item na agenda – “temos que transar porque faz tempo”, “preciso manter a chama acesa”, “se não, algo está errado no relacionamento” –, a pressão só aumenta e o desejo, que já estava tímido, se esconde ainda mais. Ele precisa de espaço para existir, e isso significa desacelerar e dar um passo atrás. Em vez de se cobrar, que tal focar no autocuidado e criar momentos que tirem sua mente da rotina acelerada? Pequenos hábitos como respiração consciente, exercícios físicos, pausas para relaxar e momentos de conexão sem a obrigação de chegar ao sexo podem fazer toda a diferença.
É natural que o desejo e a resposta sexual oscilem de acordo com o contexto emocional e, por isso, não dá para resumir a falta de sexo a um problema no relacionamento ou à ausência de amor. Muitas vezes, é só um reflexo da exaustão mental. Antes de entrar em pânico, vale se perguntar: “Minha vida está sobrecarregada?”, “Tenho me dado tempo para relaxar?”, “O que posso fazer para cuidar de mim antes de cobrar desejo?”

Ao mesmo tempo, respeitar esse tempo e flexibilizar as expectativas sexuais em períodos de estresse não significa deixar a intimidade de lado. Assim como a fome parece desaparecer quando passamos muito tempo sem comer, o mesmo acontece com o desejo. Se eu me distancio do contato íntimo e deixo de investir em outras formas de sexualidade, a vontade tende a diminuir ainda mais. O desejo precisa ser estimulado, assim como cuidamos do sono, da alimentação e do bem-estar.
Criar momentos de intimidade sem pressão pode ajudar o corpo a lembrar do prazer. O toque, o carinho, o flerte, pequenas provocações no dia a dia… tudo isso mantém a conexão viva e prepara a mente e o corpo para entrar no clima de forma natural.
No fim das contas, libido não é só sobre sexo, mas sobre como você vive e experimenta seus dias. Se a mente está sobrecarregada, o prazer tem dificuldade de aparecer. Então, antes de se preocupar com frequência ou intensidade do desejo, olhe para si, desacelere e crie espaço para o prazer florescer. Porque quando a mente relaxa, o corpo acompanha – e aí sim, o estímulo do outro faz sentido.
Ainda não há comentários para esta publicação