Quase não escrevi o artigo dessa semana. Estou em uma fase de mudança, tão intensa, que mal tenho tempo para pensar. Mas, de repente, senti que seria importante compartilhar essa experiência com vocês. Afinal, a maternidade é feita de altos e baixos, e as mudanças são parte essencial dessa jornada.
Para quem leu meu livro, no início de 2023 eu tive que me mudar com as crianças, meu gato e meu cachorro para a casa dos meus pais. Estava passando por uma fase conturbada financeiramente e precisava escolher entre abrir mão do meu canto ou da escola das crianças. A preocupação com os estudos deles era tanta que me mudei sem nem pensar muito em tudo isso, só agi.
O plano era ficar por um ano, mas no mês passado completamos dois. Dois anos em que pude me reerguer, graças ao apoio incondicional dos meus pais. A gratidão que sinto por eles é imensa. Ter eles por perto é como um porto seguro: acolhedor, reconfortante e cheio de amor. E não só para mim, mas para os meus filhos também. Saber que eles estão cercados de cuidado e dedicação é um privilégio que nem todos têm.
Mas, vamos combinar, nada como ter nosso próprio cantinho, não é? Nesses dois anos, dividimos o mesmo quarto: eu, Rafael, Sara, Flash (o cachorro) e Fofo (o gato). E, olha, não foi fácil! Na idade deles, a individualidade já começa a falar mais alto, e eu, que trabalho em casa, sentia que as coisas precisavam mudar.

Há um ano, comecei a buscar uma oportunidade. E, há um mês, ela finalmente apareceu. Depois de muitas velas acesas, muita fé e esperança, encontrei um lugar acolhedor para nós três, onde cada um terá seu próprio espaço. A ansiedade e a felicidade estão à flor da pele, cada um à sua maneira.
Mas decidi falar sobre isso para deixar uma reflexão. Já perceberam como, em meio à alegria, os medos também aparecem? Eles chegam sorrateiros, invadem nossa mente, mudam nossos sentimentos e, às vezes, até afetam nosso corpo. Comigo não foi diferente. Nos últimos dias, esses medos me assolaram. E precisei procurar ajuda profissional.
“Ah, Gisele, mas logo você, que é forte, dá conta de tudo e é toda zen?”
Sim, eu mesma! Porque, quando o medo se torna físico, não adianta meditação, pensamentos positivos, rezas ou velas. Acredito muito no poder dessas coisas, mas há momentos em que precisamos olhar para nós mesmas e reconhecer que precisamos de algo mais.
Já passei por isso três vezes na vida. A primeira foi quando me casei. Tinha que resolver tudo sozinha, com a cabeça a mil. Percebi que estava ficando doente quando, ao passar em frente a um hospital, pensava: “Estou passando mal, vou morrer se não for lá agora.” Foram minhas primeiras crises de pânico. A segunda vez foi quando a Sara nasceu, cardiopata, com síndrome de Down, e o Rafael ainda era um bebê. E eu sempre sozinha. E a última foi pouco antes do meu divórcio, quando a ansiedade virou pânico e depois depressão (se quiser saber mais detalhes, pode ler minha história no livro Diário de uma Mãe Nada Especial).

E é aqui que eu queria chegar. Em todas essas situações, me senti assim por medo das mudanças. Medo do desconhecido, daquilo que não podemos controlar ou prever. E é aí que a ansiedade, as dúvidas e os medos aparecem. Estou aprendendo a lidar com isso, mas o mais importante é ter consciência de que existe um problema. É se enxergar, reconhecer que precisa de ajuda e buscar apoio.
Em todos esses episódios, inclusive agora, percebi que sozinha não conseguiria enfrentar esses sentimentos. Por isso, busquei ajuda. E busquei logo. Talvez por isso todos tenham durado pouco. Porque me cuidei a tempo.
E tão importante quanto buscar ajuda é ter resiliência e coragem para seguir em frente, mesmo diante de sentimentos que parecem incontroláveis.
Me mudo essa semana. O que vai ser? Não sei. Estou com meus medos? Sim. Mas tudo é aprendizado e sigo em frente, me cuidando e pronta para essa nova aventura!
E você, como lida com as mudanças? Conte para mim!
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