Ser mãe de adolescente é como assistir a um filme em câmera lenta, onde cada frame revela uma transformação silenciosa e irreversível. O Rafael, que ainda ontem cabia no meu colo com seus olhos cheios de curiosidade infantil, hoje está com quase 14 anos — e as mudanças não são só dele. Elas reverberam em mim, na forma como enxergo a maternidade, no jeito que lido com os sentimentos que surgem, inesperados e intensos. É como se, a cada dia, um novo filho nascesse diante dos meus olhos, e eu, mãe, precisasse aprender a reconhecê-lo outra vez.
Percebo nas pequenas coisas: nos hobbies que ele abandonou, nos programas que antes nos uniam e agora parecem não fazer mais sentido para ele. Até os sorrisos são diferentes — menos espontâneos, mais contidos, como se a inocência fosse se dissipando como fumaça entre os dedos. E confesso: há um luto nisso. Um luto pela criança que se vai, pelos momentos que não voltam, pelo medo de que o vínculo que construímos com tanto cuidado possa se transformar em algo mais distante.

Mas então, no meio desse turbilhão, surge a luz: o jovem que ele está se tornando. Um ser cheio de opiniões, descobertas, e uma personalidade que se afirma a cada gesto. E é aqui que a maternidade me convida a crescer junto, a evoluir. Não se trata apenas de “deixar ir”, mas de celebrar a beleza desse renascimento. Porque, no fundo, não é uma perda — é uma vitória. Vitória dele, que está conquistando seu lugar no mundo, e minha, que posso olhar para trás e dizer: fiz o melhor que pude.
Aceitar essa nova fase é um exercício diário de amor e humildade. É abrir mão da expectativa de que ele será sempre aquela criança dependente e abraçar o adulto que está surgindo. É estar presente, não como quem segura, mas como quem apoia. É substituir a nostalgia pela gratidão — gratidão por ter acompanhado cada etapa, e agora, por testemunhar o fruto do meu cuidado se tornando independente.

E se há um segredo para atravessar isso sem sofrer demais, talvez seja este: lembrar que o amor não diminui, só se transforma. Os abraços podem ser mais raros, mas quando acontecem, são mais significativos. As conversas podem ser menos frequentes, mas quando rolam, são mais profundas. E o sorriso? Ah, o sorriso agora carrega a sabedoria de quem está descobrindo a vida — e eu tenho o privilégio de ser testemunha disso.
No fim, ser mãe de adolescente é aprender a amar de novo. E nesse recomeço, descobrir que, assim como ele, eu também estou renascendo.
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