A chegada da menopausa costuma vir carregada de mudanças, como ondas de calor, alterações de humor, insônia e um sintoma que, embora comum, ainda é cercado de silêncio: alteração no desejo sexual.
Segundo um estudo publicado na revista científica Contemporânea, mais de 60% das mulheres relatam alterações negativas na libido após a menopausa. Entre os principais motivos estão o ressecamento vaginal, dor durante o sexo, alterações no humor e queda na autoestima.
A queda hormonal, característica predominante da menopausa, pode trazer mudanças físicas e emocionais que afetam o desejo, o prazer e até mesmo a autoestima feminina.
É fundamental abrir espaço para conversas sinceras sobre saúde e qualidade de vida. A relação entre a menopausa e a vida sexual ainda é cercado de tabus, mas que impacta profundamente muitas mulheres.

A ginecologista e obstetra Camila Martin Massutani explica que este é um momento de redescoberta e que precisa de atenção das mulheres. “A menopausa marca o fim da fase reprodutiva da mulher, mas não precisa significar o fim da sexualidade. Pelo contrário, pode ser o início de uma nova fase de autoconhecimento e cuidado íntimo“, destaca a médica.
A redução dos níveis de estrogênio pode causar alterações na mucosa vaginal, levando à secura e desconforto nas relações. “Muitas mulheres evitam o sexo por medo da dor, o que pode comprometer o vínculo afetivo com o parceiro e gerar sofrimento psicológico“, completa Camila.
É comum que mulheres, especialmente mães que dedicaram anos ao cuidado da família, posterguem o olhar para si mesmas. “A maternidade muitas vezes nos coloca em segundo plano. Mas a saúde sexual também é uma forma de autocuidado e merece atenção em todas as fases da vida“, afirma a ginecologista.

3 dicas para manter a saúde sexual durante a menopausa
Invista em hidratação e lubrificação vaginal
Produtos como hidratantes vaginais de uso contínuo e lubrificantes à base de água podem reduzir o desconforto. “Eles melhoram a elasticidade e a lubrificação da mucosa vaginal, tornando as relações mais prazerosas“, orienta a doutora.
Considere opções além da reposição hormonal
Nem toda mulher pode ou deseja fazer reposição hormonal. “Existem alternativas seguras, como o uso de laser íntimo e fisioterapia pélvica, que ajudam a melhorar a vascularização e a resposta sexual“, acrescenta a médica.
Cuide da mente e do relacionamento
A libido está diretamente ligada ao bem-estar emocional. Terapias, exercícios físicos e conversas francas com o parceiro fazem toda a diferença. “A comunicação é essencial. Muitas vezes, o desejo não desapareceu, só precisa ser redescoberto em um novo contexto”, finaliza a especialista.

A Dra. Camila Martin Massutani é médica graduada pela Universidade Estadual de Campinas com trajetória marcada por constante aperfeiçoamento, possui especialização – residência médica em Ginecologia e Obstetrícia pela Universidade de São Paulo. Além disso, foi preceptora de Ginecologia para residentes da Universidade de São Paulo e ex-instrutora médica da Faculdade de Medicina do Einstein.
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