Exportar é abrir janelas para o mundo. É colocar a produção nacional no mapa global, gerar empregos, trazer divisas e mostrar que o Brasil tem força para competir lá fora. Mas há um detalhe que costuma passar despercebido no discurso oficial e cai pesado no bolso de quem produz: a tarifação de exportação.
E aí não tem poesia que resolva. Quando a conta chega, a competitividade vai embora.
Essa tarifação não se resume à burocracia de praxe. Ela envolve impostos, taxas alfandegárias e encargos que cada país, inclusive o Brasil, pode impor para controlar o fluxo de mercadorias. A justificativa varia: equilibrar contas públicas, proteger setores estratégicos ou segurar o preço de commodities no mercado interno. O resultado, no entanto, é o mesmo. Para quem está na linha de frente tentando vender, a margem de lucro despenca.

A conta recai primeiro sobre as empresas, que veem seus custos dispararem e muitas vezes desistem de entrar em mercados mais exigentes. Mas não para por aí. O impacto chega também aos trabalhadores, porque quando a exportação perde fôlego, a produção encolhe e o emprego fica ameaçado. No nível macroeconômico, o país sente a redução no ingresso de divisas, setores estratégicos desaceleram e até o consumidor final é atingido, já que os preços internos sofrem variações. Uma tarifa cobrada lá na ponta do porto pode, sem exagero, respingar no supermercado do bairro.
A boa notícia é que existem caminhos para enfrentar essa maré. O primeiro é a busca por uma inteligência tributária mais robusta, com o aproveitamento de regimes especiais, incentivos e tratados de bitributação que aliviem o peso fiscal. Outra saída é a diversificação de mercados, evitando a dependência de países que impõem barreiras mais duras.

Também ganha espaço quem aposta em agregar valor à sua produção. Produtos inovadores e diferenciados sofrem menos pressão na guerra de preços. Ferramentas como zonas francas, drawback e regimes aduaneiros especiais, apesar dos nomes complicados, funcionam como aliados estratégicos. E, em alguns casos, parcerias locais ou joint ventures abrem portas que dificilmente seriam abertas sozinho.
A tarifação de exportação é um daqueles pesos que o empresário brasileiro conhece bem: invisível no discurso, mas muito real na hora de fechar a conta. Só que, em vez de baixar a guarda, o desafio é reagir com estratégia. Exportar não é apenas vender para fora. É resistir, reinventar-se e mostrar que o Brasil tem muito mais a oferecer do que a burocracia insiste em impor.