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E se o Brasil for o laboratório mais humano da Sociedade 5.0?

Design Dolce sob imagem por Leo Patrizi em Canva

Num cenário em que algoritmos reescrevem a economia global, o país tem a chance de transformar criatividade e sensibilidade cultural em diferencial competitivo

Os artigos assinados não representam, necessariamente, a opinião do Portal. Sua publicação é no sentido de informar e, quando o caso, estimular o debate de questões do cotidiano e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo

Por Rogério Domingos

Estamos vivendo o maior update da humanidade. O termo Sociedade 5.0 foi formulado pelo governo japonês em 2016, dentro do Fifth Science and Technology Basic Plan, e descrevia uma sociedade centrada no humano, em que o espaço físico e o digital se integram para resolver problemas sociais e melhorar a qualidade de vida. O que então parecia uma visão futurista ganha nova relevância em 2025, à medida que a inteligência artificial generativa, a automação preditiva e a economia da experiência colocam as pessoas novamente no centro das decisões sobre inovação.

Se a Indústria 4.0 foi sobre automação, a Sociedade 5.0 é sobre humanização tecnológica: o desafio de usar dados, algoritmos e robótica para ampliar as capacidades humanas, não as substituir. Essa lógica tem guiado iniciativas públicas e privadas em todo o mundo, de programas de alfabetização digital a estratégias de inteligência artificial responsável. Países que entenderam cedo essa integração colhem resultados concretos.

Design Dolce sob imagem por Wildpixel em Canva

A Finlândia democratizou o acesso ao conhecimento em IA com o curso Elements of AI, criado pela Universidade de Helsinque, que já capacitou mais de um milhão de pessoas em noções básicas de inteligência artificial. Já a Estônia transformou o relacionamento entre cidadão e Estado ao digitalizar praticamente todos os serviços públicos, mantendo-se, em 2024, entre os países mais avançados da União Europeia em governo digital, de acordo com o Report on the State of the Digital Decade 2024 da Comissão Europeia. E o Japão, que cunhou o conceito, segue incorporando a ideia de tecnologia com propósito em suas políticas de inovação.

O Brasil tem um papel ambíguo nesse cenário. De um lado, é uma potência criativa, com um ecossistema de startups em expansão e um dos públicos digitais mais ativos do mundo. Segundo o Digital 2025: Brazil Report, o país soma 183 milhões de usuários de internet, o equivalente a 86,2% da população e 144 milhões de pessoas ativas em redes sociais, representando 67,8% dos brasileiros. De outro, ainda falta visão sistêmica e continuidade nas políticas de desenvolvimento. Essa combinação de vitalidade digital e carência estrutural faz do país um caso singular: capaz tanto de consumir quanto de criar soluções em escala.

Apesar das limitações, o Brasil possui um diferencial que poucos países conseguem reproduzir: a capacidade de gerar empatia. Essa característica, enraizada em uma cultura relacional e criativa, pode se converter em ativo estratégico na economia global da experiência. Empresas brasileiras de setores como telecomunicações, finanças e varejo já testam o uso de inteligência artificial e automação em fluxos de atendimento sem abrir mão do toque humano. Casos como o da Nubank, que desenvolve aplicações internas de IA generativa para aprimorar o relacionamento com o cliente, mostram que é possível combinar dados e emoções em tempo real.

Design Dolce sob imagem por Leo Patrizi em Canva

É importante separar opinião de dado. Quando afirmo que o atendimento brasileiro tem uma dimensão cultural, mais empática e relacional, trato de observações qualitativas que ajudam a explicar por que certas experiências locais têm alta aceitação. Mas, daqui em diante, o avanço dependerá menos de intenção e mais de estrutura. O país precisa transformar seu potencial criativo em estratégia, articulando educação digital, investimento em pesquisa aplicada e políticas que estimulem a inovação responsável.

Nos próximos anos, a convergência entre automação, sustentabilidade e dados deve redefinir setores inteiros, do varejo à saúde, passando pela mobilidade. O diferencial estará em quem conseguir integrar essas transformações sem perder a dimensão humana das decisões. O Brasil já ensaia movimentos nesse sentido, com universidades, startups e empresas consolidadas investindo em hubs de inovação, IA generativa e tecnologia limpa. O desafio é escalar essas iniciativas e conectá-las a uma visão nacional de futuro. Se conseguirmos alinhar capital humano, propósito e política industrial, poderemos não apenas acompanhar a transição global, mas ajudar a definir seus contornos.

Rogério Domingos é Diretor Executivo da Actionline

Colaboração da pauta:

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Imagem por Marcos Kulenkampff em Canva Fotos

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