Ser mãe após os 35 anos é como dançar uma valsa que só você conhece o ritmo. Não é sobre seguir o compasso dos outros, mas sobre encontrar o seu próprio tempo, o seu próprio jeito. Quando me tornei mãe do Rafael aos 36 anos, já havia vivido tantas coisas: carreira, amores, desilusões, conquistas e, principalmente, um longo caminho de autoconhecimento. Quando a Sara chegou, aos 39, eu já sabia que a maternidade não era um papel que eu precisava interpretar, mas uma experiência que eu poderia moldar à minha maneira.
Hoje, como mãe solo de dois, olho para trás e vejo que a maturidade trouxe uma coisa que talvez eu não tivesse aos 20 e poucos: a clareza de que, antes de ser mãe, eu precisava ser eu. E é sobre isso que quero falar hoje. A maternidade tardia pode ser desafiadora, sim. O corpo responde diferente, a energia parece mais escassa, e a sociedade insiste em nos lembrar que “o relógio biológico está correndo”. Mas, cá entre nós, o que mais importa é o relógio interno, aquele que diz se estamos prontas, se estamos bem, se estamos inteiras. O tempo mostra isso, as prioridades mudam.
Eu aprendi que cuidar de mim não é um luxo, mas uma necessidade. Quando estamos bem, nossos filhos estão bem. E isso não significa buscar a perfeição – até porque ela não existe –, mas sim buscar o equilíbrio. Para mim, isso inclui momentos de respiro, como uma xícara de café quente em silêncio antes das crianças acordarem, algumas páginas de um livro após eles dormirem ou uma caminhada no parque para espairecer a mente. São pequenos gestos que me lembram de que, além de mãe, eu sou uma mulher com sonhos, desejos e necessidades.

E existem as vantagens da maternidade tardia. Eu, por exemplo, pude aproveitar a vida intensamente antes dos meus filhos. Viagens, experiências, amores, loucuras… tudo isso fez parte de um tempo que foi só meu. Muitas mulheres se culpam por não terem tido essa fase, mas quero lembrar que tudo é válido. Cada uma tem sua história, e é possível buscar esses momentos depois também. No meu caso, foi incrível poder viver tantas coisas antes de me dedicar à maternidade. Isso me deu uma liberdade maior para curtir essa nova fase com menos culpa e mais entrega, sabendo que já tinha vivido tanto do que eu queria para mim. Mas também sei que tenho muito a viver ainda!
Outra vantagem que percebi foi a maturidade emocional que a vida me deu até aqui. Nessa fase, já havia passado por altos e baixos, aprendido a lidar melhor com frustrações e desenvolvido uma resiliência que hoje me ajuda a enfrentar os desafios da maternidade com mais calma e paciência. Não que seja fácil todos os dias, mas a experiência de vida me trouxe uma certa serenidade para lidar com as crises e as noites mal dormidas.
E, cá entre nós, ser mãe depois dos 35 também me trouxe uma certa liberdade em relação à pressão social. Já não me importava tanto com o que os outros pensavam ou esperavam de mim. Isso me permitiu viver a maternidade de um jeito mais autêntico, sem tentar me encaixar em padrões que nunca fizeram sentido para mim.
A maternidade após os 35 também me ensinou a valorizar a qualidade do tempo. Com a correria do dia a dia, nem sempre é fácil estar presente 100% do tempo, mas quando estou, tento fazer valer. São nos detalhes – um papo antes de dormir, um abraço apertado, uma risada compartilhada – que a conexão acontece. E é essa conexão que sustenta a relação com meus filhos, não a quantidade de horas que passamos juntos.
Se você é ou vai ser uma mãe tardia como eu, quero te dizer algo: você não está atrasada. Está exatamente onde precisa estar. A vida não é uma linha reta, e a maternidade não tem idade certa para começar. O que importa é como você vive essa jornada, como você se cuida, como você se enxerga. Porque, no fim do dia, ser mãe é também uma oportunidade de se redescobrir, de se reinventar e de se amar ainda mais.
Então, respire fundo, olhe para o espelho e lembre-se: você é mulher, é mãe, é forte. E essa é a sua dança.
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