As alergias respiratórias representam um grupo de condições médicas que surgem de uma resposta de hipersensibilidade do sistema imunológico. As manifestações mais comuns incluem a rinite alérgica e a asma brônquica. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que, até o ano de 2030, metade da população mundial poderá ser afetada por algum tipo de alergia.
A rinite alérgica, por exemplo, é caracterizada por uma inflamação da mucosa nasal. No contexto brasileiro, ela é particularmente prevalente, afetando aproximadamente 40% da população e sendo a doença alérgica mais comum. A asma, por sua vez, é uma doença crônica que impacta significativamente a saúde pública no Brasil, sendo a quarta principal causa de hospitalizações no serviço público de saúde.
“Os principais alérgenos responsáveis por desencadear essas reações incluem o pólen de árvores, flores e gramíneas, ácaros presentes na poeira domiciliar, mofo e pelos, saliva ou urina de animais. Além dos alérgenos, diversos fatores ambientais podem precipitar ou agravar os sintomas, como a poluição ambiental, a fumaça de cigarro, mudanças climáticas abruptas e odores fortes, como perfumes ou produtos de limpeza”, explica a Dra. Jeane Nogueira, biomédica e farmacêutica, especialista em Fitoterapia Clínica.
“A predisposição genética desempenha um papel fundamental na origem dessas doenças, atuando em conjunto com a exposição a esses fatores ambientais”, acrescenta.

A fitoterapia, que envolve o uso de plantas medicinais para fins terapêuticos, possui uma história rica e profunda, enraizada em práticas tradicionais milenares. Atualmente, a fitoterapia mantém uma relevância global considerável, particularmente em países em desenvolvimento, onde uma parcela significativa dos medicamentos utilizados — segundo a OMS, cerca de 80% — ainda tem origem vegetal.
A quercetina, por exemplo, é um flavonoide antialérgico amplamente encontrado em diversas plantas e alimentos, como maçãs, cebolas e brócolis. Sua aplicação tem sido explorada para condições como rinite alérgica e asma. Ela atua inibindo a liberação de histamina, uma das principais substâncias envolvidas nas reações alérgicas. Além disso, a quercetina reduz processos inflamatórios, possui ação antiviral, bloqueia a produção excessiva de IgE (imunoglobulina E) — um anticorpo central nas reações alérgicas — e inibe enzimas que intensificam essas reações.
A urtiga, cientificamente conhecida como Urtica dioica, também tem sido investigada para o tratamento de condições como rinite alérgica crônica e asma. Ela possui propriedades antioxidantes, adstringentes, antimicrobianas e analgésicas, que contribuem para a redução geral da inflamação associada às reações alérgicas.
Já o sabugueiro, conhecido cientificamente como Sambucus nigra, tem sido utilizado para aliviar sintomas de rinites, sinusites e conjuntivites. Tradicionalmente, também é empregado para auxiliar na recuperação de resfriados e gripes.

A Dra. Jeane orienta que as flores do sabugueiro podem ser utilizadas em infusão: “É fundamental ressaltar que as bagas do sabugueiro devem ser cozidas antes do consumo, pois, em estado cru ou imaturo, podem conter propriedades tóxicas”.
O guaco, conhecido cientificamente como Mikania glomerata, é uma planta medicinal amplamente empregada na medicina popular brasileira para o tratamento de diversas afecções respiratórias, incluindo bronquite, tosse, asma e alergias.
Os fitoconstituintes presentes nas folhas do guaco, como o dicumarol é um dos principais responsáveis por seus efeitos.
O eucalipto, da espécie Eucalyptus globulus, é indicado para o tratamento de diversas afecções respiratórias, incluindo a asma.
O principal fitoquímico do eucalipto é o eucaliptol, que demonstra uma ação proeminente no sistema respiratório. “A forma mais comum de uso do eucalipto é por meio de inalações”, explica a Dra. Jeane Nogueira.
O estudo do tomilho em crianças é particularmente significativo. Crianças representam uma população vulnerável, onde a segurança e a tolerabilidade dos tratamentos são de extrema importância.

Dra. Jeane Nogueira é uma referência nacional em fitoterapia clínica, unindo sólida formação acadêmica a uma prática comprometida com a saúde integrativa. Farmacêutica pela Universidade Federal Fluminense (UFF), é especialista em Homeopatia pelo Instituto Hahnemanniano do Brasil e doutora em Biotecnologia Vegetal pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atualmente, coordena a Pós-Graduação em Fitoterapia Clínica Avançada no Instituto Brasileiro de Fitoterapia Clínica.
Colaboração da pauta:
Janaina Pedroso Sousa
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