Por Eduardo Marcondes Suave
Amigo leitor e amiga leitora,
É fácil cair na armadilha de achar que todo mundo está vivendo melhor do que você. Basta rolar o feed do Instagram para ver casais apaixonados, famílias sorridentes, viagens internacionais, pratos sofisticados e corpos sarados na academia. Tudo parece perfeito — menos a sua vida. Mas o que as redes sociais mostram é apenas uma vitrine, cuidadosamente montada para causar inveja ou admiração.
Vivemos em uma era em que vale mais parecer do que ser. As pessoas compartilham os seus melhores momentos, mas quase nunca os desafios, as frustrações ou as dores. Isso cria uma ilusão de perfeição que, se não for encarada com consciência, pode fazer você se sentir um fracassado. Afinal, por que minha vida não é tão boa quanto a dos outros? A resposta é simples: ninguém posta os bastidores.

Segundo Lacan, “todo excesso esconde uma falta”. Por trás de tantas postagens felizes, há muitas vezes uma carência profunda. Mostrar demais pode ser uma forma de tentar preencher aquilo que internamente está faltando. E isso é mais comum do que se imagina, sendo a autopromoção um comportamento recorrente.
Essa necessidade de validação virtual é alimentada por um sistema que recompensa curtidas e seguidores, mas que não oferece suporte emocional real. Ao nos compararmos com os destaques da vida alheia, esquecemos que cada um tem seu ponto de partida, sua história e seus obstáculos. E que ninguém vive 24 horas por dia em um estado de plenitude, apesar do que as redes tentam mostrar.
A vida não é uma competição de felicidade e o que aparece nas redes sociais é só uma parte editada da realidade — e nem sempre a mais verdadeira. Cuide do seu tempo, da sua saúde mental e do seu caminho. Nem tudo o que reluz no feed é ouro — muitas vezes, é só um filtro bem aplicado.

Fontes:
Lacan, J. Escritos. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
We Are Social & Meltwater. Digital 2024: Global Overview Report.
Sibilia, P. O Show do Eu: A intimidade como espetáculo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.
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