A rotina vai mudar amanhã. A agenda, que já era um quebra-cabeça, vai ganhar peças extras. E eu, que já equilibrava trabalho fixo, empreendedorismo e a maternidade solo (com direito a tudo: levar, buscar, agendar, pagar e lembrar de escovar os dentes), vou encarar mais um desafio.
Mais um emprego. Sim, estou com frio na barriga.
Mas também com um segredo na manga: já sei que consigo. Porque “Uma Mãe Nada Especial” não surgiu do nada, veio de noites em claro divididas entre escritas e posts. As terapias integrativas que atuo não nasceram prontas, foram construídas entre consultas médicas agendadas, reuniões escolares e estudos noturnos. Essa nova oportunidade? É só mais uma peça no meu mosaico.
Com meus filhos de 11 e quase 14 anos, vou fazer diferente:
– Chamada de responsabilidade – com amor: “Precisamos ser um time agora. Vocês lavam a louça do café, eu deixo o jantar pronto. Combinado?”
– Diálogo sem culpa: “Mamãe vai estar mais cansada, mas não menos presente. Me avisem quando precisarem mesmo.”
– Delegar pequenas ações: “Você cuida da louça do almoço e você checa se o lanche do seu irmão está pronto. E eu cuido de lembrar que somos incríveis.”
Porque maternidade solo não é sobre fazer tudo sozinha – é sobre ensinar que cuidar também é ato de amor. E que mãe que persegue sonhos mostra aos filhos como voar.

E quando o cansaço bater, vou fechar os olhos diante do sol por alguns instantes e sentir a brisa bater no rosto, enquanto respiro fundo três vezes lembrando a mim mesma que sou feita da mesma luz que ilumina esse novo caminho. Esses pequenos momentos de conexão comigo mesma serão meu alicerce entre uma reunião e outra, entre o levar e buscar dos filhos, entre os compromissos que já existiam e os que estão por vir.
Na minha vida as terapias integrativas não são apenas o que ofereço aos outros – são o que me sustentam. Entre um compromisso e outro, pratico a “terapia do olhar”: observo atentamente uma folha caída no chão, a textura de uma parede, o movimento das nuvens. São segundos que me reconectam com o presente. No carro, enquanto espero na fila da escola, faço respirações conscientes – meu jeito de transformar o tempo morto em minutos de cura.
E nesse novo ambiente profissional, levo comigo uma certeza: cada pessoa que cruzar meu caminho é uma oportunidade de troca genuína. Minha experiência me mostrou que o networking real acontece quando somos autênticos – quando compartilhamos nossas lutas pessoais junto com nossas expertises profissionais, quando ouvimos as histórias dos outros com a mesma atenção que gostaríamos de receber.
E quando encontrar brechas? Vou rir do café derramado, abraçar meus filhos, tomar uma taça de vinho e – quem sabe – até pedir ajuda para a rede de apoio sem orgulho. Porque revoluções não se fazem sozinhas.
E para você que me lê agora, com seus próprios desafios e sonhos, digo com toda a certeza: você também pode. Pode começar de novo. Pode acrescentar mais uma camada à sua vida já tão cheia. Pode transformar os pequenos intervalos em momentos de autocuidado. Pode ver nas pessoas ao seu redor potenciais aliados em vez de meros colegas. Pode ensinar seus filhos, através do exemplo, que a vida é para ser vivida em todas as suas dimensões.

Não lhe digo que será fácil – minha realidade prova que não é. Mas lhe afirmo com toda convicção: será valioso. Cada esforço, cada momento de cansaço, cada pequena vitória vai tecer a história que um dia você contará não como um relato de sacrifício, mas como testemunho da sua própria capacidade.
Porque o segredo nunca foi dar conta de tudo – foi aprender a escolher o que realmente importa em cada fase. Foi entender que entre o levar e buscar dos filhos, entre os compromissos profissionais e os projetos pessoais, existe você – merecendo olhar para o céu, sentir o sol no rosto e lembrar: eu estou fazendo acontecer. E isso, por si só, já é extraordinário.
Amanhã começa tudo de novo. E depois de amanhã também. E em cada novo dia que você escolher mostrar a si mesma e ao mundo que uma vida plena não é aquela sem desafios, mas aquela que os acolhe e os transforma em parte da sua história.
Você já tem tudo o que precisa para começar – basta dar o primeiro passo. E depois o próximo. E mais um. Até que um dia você olha para trás e vê o quanto caminhou.
Eu estou nessa jornada. Você pode estar também. Vamos?