A Elegância

La Dolce Vita

por Paulo Maia

“Elegância é a arte de não se fazer notar,
aliada ao cuidado sutil de se deixar distinguir.”

Paul Valéry

Manners make the man. Provérbio inglês, cujo significado diz que os modos (especialmente os gestos) nos definem. Ou seja, a maneira como agimos e a atitude que temos diante da vida mede a distância que ficamos entre o selvagem e o civilizado. Isso porque um gesto, uma gentileza, produz no coletivo um senso civilizatório, significando que aquela ação depreendida está envolta em um código de respeito, saudação e reverência, nos afastando do nosso estado natural, o do animal selvagem.

Mais do que ser educado, vestir-se razoavelmente e saber se comportar em público, elegância é sobretudo reconhecer o bom gosto. Elegância vem do latim eligere, que significa escolher. Portanto ser elegante é saber escolher. E para isso, observar e se informar são atitudes e ações fundamentais para formarmos critérios que vão nos ajudar na seleção do que é importante e valioso para nós naquilo que é privado, e para o convívio com o outro naquilo que é público.

Na pluralidade que o mundo oferece associada à relativização de conceitos e pontos de vistas, aquilo que um dia foi um modelo a ser seguido, hoje pode parecer presunçoso, antigo, preconceituoso ou até resultado de uma afetação, dependendo, obviamente, do ponto de vista e da dose do que o politicamente correto pede (ou exige) no contexto. Porém elegância é atemporal e não suscetível a maneirismos e modas passageiras. Veja os ícones clássicos da cultura e verá que sempre serão bem-vindos, como por exemplo, oferecer (bom) vinho quando convidado a um jantar; consumir (alta) cultura para nos entreter e nos qualificar para a vida; roupas que são sinônimos de sobriedade, requinte e discrição ao longo de séculos; e assim vai.

Num mundo que valoriza a individualização (não confundir com “valorização do indivíduo”, que é outra coisa) extremamente dependente de bugigangas e heroísmos suspeitos de virtudes abstratas, somos cada vez mais parecidos com todos, apesar de lutarmos sempre para sermos diferentes.

Neste sentido, a elegância é franca, pois ainda que nos indique um certo padrão a seguir, exatamente como todos, termina por fazer de de nós únicos e distintos. Ser natural, buscar ampliar seus horizontes e apurar sensibilidade são caminhos essenciais para a distinção.

Sendo elegância escolher, escolha ser elegante como um modo de vida, como uma maneira de estar presente no mundo com estilo e charme, afastando-se sempre do selvagem que, por vezes, insiste em se apresentar em seu nome.

Paulo Maia é publicitário, morador do Morumbi e mantém sua curiosidade sempre aguçada.

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