Vocês já pararam para pensar na força da mulher, principalmente na força da mulher dentro de uma cozinha? Por vezes me questionei se realmente havia preconceitos nesta área majoritariamente masculina, até que por vez passei por isso.
Certa vez indicada a um cargo de confeitaria e um desses restaurantes tradicionais que quando nós vamos achamos tudo lindo e perfeito, levei meu currículo devidamente apresentável, cheguei 15 minutos antes da entrevista, vesti um belo sorriso no rosto, e determinada a ganhar o emprego, afinal seria certamente uma boa experiência. Chegando lá, me apresentando, o chef do setor com olhar discriminante, perguntava pela minha idade e sobre minha formação, lhe entreguei o currículo e respondi suas perguntas, mas sob minha mente pairava a pergunta: “Idade significa competência?”.
Pegou- lhe o celular e me mostrou doces simples e de fácil preparo- um pudim, uma torta holandesa, uma compota de abóbora. Me questionando se eu sabia fazer aquelas receitas, e lhe respondi: “Claro, são simples”. Olhando as fotos e vendo reparos malfeitos, um pudim que desmorona quando desenforma, certamente não teve a sua cocção bem-feita. Por fim, duvidando dos meus “dotes culinários”, me informou que eu não era o perfil para vaga.
Por muito tempo, me questionei quantas mulheres estavam “fora do perfil” da vaga, sem ao menos serem avaliadas? Quantas mulheres, acordam cedo, fazem café da manhã para os filhos ainda madrugando, pegam transporte público, trabalham horas e horas em pé, na pressão de uma cozinha, voltam para casa (no transporte lotado), fazem o jantar, limpam a casa, olham as tarefas de casa dos filhos, e no dia seguinte estão em pé novamente, provando a sociedade que o tal sexo frágil na real é muito mais forte do que imaginamos. A força está em ser mulher.
Que todos nós, quando olharmos para uma mulher em uma entrevista, ou em um cargo, que tenhamos mais empatia, pela sua história e pela sua força.
Em memória de um dia de mudança de consciência, uma belíssima receita de pudim devidamente perfeito para lamber os dedos, travessa, calda e tudo mais.
Pudim Clássico (sem furinhos)
1 lata e meia de leite condensado
400 ml de leite integral
5 gemas de ovos (caipiras preferencialmente)
1 colher (sopa) essência de baunilha – opcional
1 xícara de açúcar cristal – para o caramelo
1 forma de 20 cm de diametro
Papel alumínio
Modo de preparo:
Em uma forma de pudim coloque o açúcar cristal e leve a boca do fogão em fogo baixo e com o auxílio de uma espátula espalhe o caramelo por toda forma, conforme for derretendo. Cuidado para não queimar o caramelo, retire a forma do fogão após derreter. Reserve.
Em um bowl com um fouet misture todos os ingredientes (sem utilizar o liquidificador isso garante que o pudim não tenha furinhos), despeje na forma o pudim e feche com papel alumínio.
Leve ao forno pré-aquecido por 20 minutos antes a 150 graus, em banho maria (com a água já fervendo), por aproximadamente 1 hora, ou até que você mexa na forma e a mistura ainda esteja mole.
Leve a geladeira e deixe esfriar por 4 horas, para desenformar ligue a boca do fogão e coloque a forma diretamente, para derreter o caramelo e ajudar a desenformar.
Sirva a família, e bom apetite!
Chef Bruna Nascimento é formada em Gastronomia pela Estácio de Sá; Trainee pela Alain Ducasse Formation; Pós-graduada em Gastronomia Funcional pela Famesp e tem também os cursos “A arte de cozinhar como um Chef” pela Le Cordon Bleu SP, “Confeitaria Fina e Panificação” pela Academia Bunge Pro e “Padaria Artesanal” pelo Projeto Estado de SP Lu Alckmin. É membro da Federação Italiana de Chefs e Cozinheiros.
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