Se mãe é mãe, pai é…

Dolce Selfcare

Cecília Trigueiros

Vou deixar para vocês completarem o final da frase que encabeça o título...é fácil, apenas lembrem-se dos seus pais!

Imagem de Freepik

Um bilhete com recados debaixo da porta quase todos os dias era a maneira do meu pai se comunicar com os filhos. Não era um simples papel com lembretes de tarefas diárias, era especial.

Logo abaixo da última frase “Não se esqueça de trazer o boleto da escola”, sempre havia um desenho perfeito do perfil dele mesmo com o nariz aquilino, cachimbo soltando fumaça e bigode de barão. Tudo feito com um único traçado pelo bico de pena da caneta Mont Blanc.

Sim, era especial…

Mães se comunicam mais, bom, mulheres tagarelam sem parar e são famosas por isso. Já pais, ou seja, homens, têm as tais “caixas do nada” e se pronunciam quando necessário. E ponto.

E não foi diferente ao longo da minha infância e, acredito, da maioria das pessoas. Agora sei que os bilhetes ilustrados eram a única maneira de nos fazer lembrar de algo, já que ele saía todos os dias para trabalhar enquanto dormíamos.

Os desenhos talvez fossem o jeitinho que ele encontrou para dar um toque de leveza às nossas obrigações e, quem sabe, para ser lembrado pelos três filhos. Quem sabe…

Como estamos no Mês dos Pais, vou esboçar um pouco sobre o papel dos pap´s, a meu ver, pouco prestigiado e encoberto pela aura santificada maternal.

Vejamos, sabidamente mães são emocionais e mantêm uma relação visceral com os filhos, protegendo, educando, amando e mandando vestir o casaco! Por outro lado, pais resguardam a todos, transmitem segurança, valores, apoio emocional às mães desesperadas, além daquela figura de super-herói que vai resolver tudo. E quase sempre resolve.

Podemos bater o martelo que um é a sensibilidade e o outro a razão? Não é que a dupla é o título do famoso livro da escritora Jane Austen? Bingo!

Enquanto um toma a lição de casa, o outro destrincha o frango assado, um lê contos de fadas, o outro ensina que o menino deve se defender, um beija, o outro te vira de ponta cabeça e assim temos o melhor dos dois.

Para crescermos indivíduos completos é necessária a instrução e afeto dos pais. E quando digo pais, quero deixar claro que ambos têm o mesmo peso e valor.

O modelo masculino é de extrema importância para o desenvolvimento da identidade dos meninos e meninas. Além disso, a autoridade do pai deve ser utilizada para dar orientações seguras, gerando confiança e independência.

Mães geralmente são manteigas derretidas, aquele “nhé nhé nhé” que não dá em nada. Entra em cena o progenitor sendo duro sem ser rígido, para ensinar que limites existem e que são necessários.

Quando crescemos, finalmente compreendemos tudo o que fizeram por nós, ficamos agradecidos e torcemos para chegar com os nossos filhos próximos daquilo que eles cumpriram.

Meu pai é da época que não havia o “socialmente correto” e fala tudo o quer, com uma liberdade de causar inveja e um vocabulário tão rico, que soa incompreensível para muitos da geração atual.

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Ele nunca soube ao certo em qual série da escola eu estava, confundia minha idade com a do meu irmão e me chamava de “macaca assada”. Mas em casos de urgências, não importava a série escolar, meu pai “vestia a capa heroica” e me salvava.  E assim eu dormia tranquila e ninada pelo som das teclas da máquina de escrever, enquanto ele trabalhava noite adentro dando sentenças.

Hoje ele tem a licença poética dos mais velhos para nos lembrar que a vida é uma besteira que levamos muito a sério e que precisa ser aproveitada porque voa, sim, a vida é alada.

Entre estórias das grandes batalhas mundiais, gafes familiares hilárias, gastronomia, viagens pelo mundo e tubarões, agora, aposentado, sentado na clássica poltrona do papai e rodeado de netos, meu pai deseja pouco; companhia para um bom papo e boinas para a coleção.

Pai, você cumpriu a sua missão como ninguém.

Agora, quem deixa bilhetes ilustrados para o meu filho sou eu, num único traçado do meu perfil, com meu nariz grego e cabelo comprido.

Vou deixar para vocês completarem o final da frase que encabeça o título…é fácil, apenas lembrem-se dos seus pais!

Cecília Trigueiros é formada em Marketing e maquiadora profissional e especialista em autocuidado e beleza. 

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