Por Márcia Soboslay
Imagine a seguinte situação: você chega na recepção de uma empresa e a pessoa que lhe atende diz: “Seje bem-vindo! Peço que o senhor aguarde naquela sala pois nesta temos menas cadeiras disponíveis”. O que você pensa? Entre muitas coisas, que esta empresa não investe na qualificação de seus funcionários, que os gestores não se preocupam com a imagem da empresa no mercado e que não sabem escolher o profissional adequado para uma determinada função. E toda essa má impressão foi criada por aquilo que alguns teimam em chamar de “pequeno deslize”, mas que, na verdade, é considerada falha grave para muitos.
No mundo corporativo, o conhecimento da língua portuguesa está sendo exigido e avaliado com mais rigor já que muitos profissionais priorizam o aprendizado de outros idiomas e cometem erros básicos em sua própria língua natal. Em uma conversa informal muitos desses erros podem até passar despercebidos, mas em uma situação formal isso pode arruinar a reputação e a imagem de um indivíduo. E será que há algum limite aceitável para esses erros? Para a maioria dos recrutadores, a aceitação ou não de algum erro de português depende do nível da vaga. E é natural que as exigências sejam maiores para os níveis mais altos da organização. No entanto, alguns afirmam que não há tolerância alguma para todos os níveis e em todas as fases do processo de seleção. Isso significa que o seu CV pode ser descartado já na primeira fase do processo por causa de um erro de português e, assim, você perderá a oportunidade de mostrar toda a sua competência e experiência para aquela vaga.
Vale dizer que muitos são os fatores responsáveis pelo abismo que há entre a língua falada e a escrita já que não falamos exatamente como escrevemos e vice-versa. A linguagem coloquial, aquela que usamos no dia a dia, em muito não corresponde com a norma culta, aquela que é exigida em concursos públicos, vestibulares, processos de seleção e redação dos mais diversos tipos de documentos. O que se observa, também, é que muitos erros cometidos são primários, relacionados às aulas da educação básica e que se perpetuam por toda a vida. Entre os erros mais comuns estão: não diferenciar “mas” de “mais”, “há” de “a”, usar a expressão “há muitos anos atrás”, não usar corretamente os “porquês”, a crase e os acentos. A grafia de muitas palavras que foram modificadas pelo novo Acordo Ortográfico, em vigor oficialmente no Brasil desde 2016, também causa muitos erros, dúvidas e confusões.
E quando se trata de língua portuguesa, o reconhecimento e a conscientização de que há uma deficiência de conhecimento é o primeiro passo para a solução desse problema. A linguagem é viva e mutante, e por isso exige uma boa base de conhecimento e atualizações contínuas. A leitura de conteúdos de qualidade é uma excelente ferramenta para se manter familiarizado e atualizado com o vocabulário, a ortografia e a gramática.
Independentemente das exigências do mundo corporativo, ter conhecimento e aplicar corretamente todas as regras da língua portuguesa, usar o vocabulário adequado para cada ouvinte, escolher o meio de comunicação apropriado para cada ocasião e falar com clareza e objetividade são técnicas fundamentais e imprescindíveis para uma comunicação correta e assertiva. Além disso, o uso correto da língua portuguesa dá ao seu autor a imagem de inteligência, eficiência, preocupação com a qualidade da mensagem e credibilidade das informações.
E voltando ao exemplo dado no início deste texto, a má impressão poderia ter sido evitada se o funcionário apenas dissesse: “Seja bem-vindo” e “nesta sala temos menos cadeiras disponíveis”. Simples assim!
Márcia Soboslay é Secretária Executiva há 40 anos. Tem formação técnica em Secretariado e graduação em Análise de Sistemas e Pós-Graduada em Docência no Ensino Superior, já tendo exercido várias trabalhos em grandes empresas nacionais e multinacionais. É palestrante sobre temas ligados à língua portuguesa como Redação Empresarial, Nova Ortografia e Comunicação Assertiva. Participante do COINS – Congresso Internacional de Secretariado em 2019 onde apresentou o trabalho: “A ineficácia no aprendizado da língua portuguesa na educação básica e sua influência na atuação do profissional de secretariado”. Coautora dos livros “O futuro do secretariado: educação e profissionalismo” (2019), “Meu cliente subiu no telhado… e agora?” (2021) e “Um Novo Olhar para o Secretariado” (2023), todos pela Editora Literare Books International.
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Comentários
Ótimo artigo! Escrever e falar corretamente em sua própria lingua antes de qualquer outra. O contrário é, no mínimo, incoerente.
Ótimo artigo numa época em que as pessoas não sabem sequer falar português, mas querem misturar termos ingleses com portugueses em comunicações de trabalho!
Muito bom!
Temos que reforçar nossa busca por falar corretamente. Quem fala de forma errada, escreve de forma errada.
Showwwwwww, essa moda de inovar as palavras, da nova geração, está transformando o mundo, num lugar muito chato. Chic é falar correto a língua do seu país, modifica-la é crime !!!
Excelente artigo. Resgatando a importância de valorizar nosso idioma que anda tão judiado nos últimos tempos. Parabéns!