Sabe aquele momento em que você finalmente senta no sofá ao lado do seu parceiro depois de um dia exaustivo, olha para ele e… nada? Nenhum assunto empolgante, nenhum carinho espontâneo, só um cansaço silencioso compartilhado. A conexão que antes fluía entre beijos e risadas agora disputa espaço com contas a pagar, lancheiras para preparar e e-mails não respondidos.
Se você se identifica com essa cena, saiba que não está só. A sobrecarga mental, especialmente em casais com filhos pequenos e adolescentes tem sido um dos maiores ladrões de intimidade nos relacionamentos.
A carga mental não é só sobre tarefas, mas sobre o peso invisível de gerenciá-las. Não é apenas “lembrar” de pagar o boleto, mas a responsabilidade de garantir que ele seja pago. Não é só levar a criança para a escola, mas lembrar do dia da fruta, da reunião de pais e do projeto que precisa ser entregue. Não é só fazer a comida, é pensar num cardápio saudável e equilibrado. O cérebro não desliga, e o desejo se dissolve no meio de tantos “tem que”.

Para casais que dividem a rotina entre trabalho, filhos e casa, o que sobra para a relação? Muitas vezes, quase nada. Quando há tempo, falta energia. Quando há energia, falta disposição emocional. Quando há disposição, um de vocês já está dormindo no sofá.
Estudos recentes destacam a gravidade da sobrecarga emocional entre pais, especialmente mães. Uma pesquisa realizada pela B2Mamy em parceria com a Kiddle Pass revelou que 9 em cada 10 mães que trabalham sofrem de esgotamento mental, com estágios entre graves ou moderados. Além disso, 54% já receberam algum diagnóstico relacionado à saúde mental, e 17% suspeitam de doenças emocionais.
Outro estudo da Universidade de Ohio, em 2022, mostrou que 66% dos pais que trabalham sofrem de burnout parental, afetando 68% das mães e 42% dos pais.
E considerando esses dados muitos casais se veem transformados em sócios de um grande empreendimento chamado “vida adulta”. As conversas giram em torno de logística: Quem pega as crianças? Quem faz mercado? Já pagamos o condomínio? São reuniões administrativas, não trocas afetivas.

E no meio dessa engrenagem, quando ousam fazer diferente, parece que a conexão emocional se perdeu. O casal para de se enxergar além das funções. O carinho vira um “valeu” no final do dia. O desejo se esconde atrás do pijama velho e do cansaço acumulado.
Se não dá para tirar os boletos da vida (infelizmente), dá para tentar mudar a forma como lidamos com a rotina e com o outro dentro dela.
O amor não morre do dia para a noite, mas se perde nas entrelinhas da rotina quando não há um olhar atento. No final do dia, não queremos só um parceiro eficiente, mas alguém que nos veja, nos ouça e nos escolha, apesar do cansaço e das obrigações.
E o que fazer para mudar esse cenário? Cena dos próximos capítulos…
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