Enquanto uma pesquisa recente do Datafolha aponta que crianças brasileiras passam, em média, mais de cinco horas por dia em frente a telas, a paulistana Inara Solimar, de apenas 10 anos, segue na contramão dessa tendência. Em vez de maratonar vídeos ou jogos, ela passa boa parte do tempo inventando personagens, arquitetando aventuras e devorando livros.
“Nos livros, posso fugir da rotina e entrar em mundos mágicos. É diferente da tela, porque a gente imagina tudo na nossa cabeça, e isso pode ser até mais divertido”, diz Inara. Para ela, a leitura é mais do que passatempo: é uma forma de conhecer novas culturas, entender a si mesma e aprender a lidar com os outros.
Em agosto, Inara lançou oficialmente seu primeiro livro — Clube das Aventuras e a Doença Desconhecida (Emó Editora) — na La Librería – Café Colombiano, em São Paulo. A obra, escrita entre os 7 e 9 anos, nasceu da mistura de referências que vão de Agatha Christie e Sibéal Pounder ao universo dos animes. A história acompanha um grupo de adolescentes que, em meio a um cenário caótico, precisa unir forças para enfrentar uma doença misteriosa e monstros ameaçadores.

Infância com menos ansiedade
Para Inara, se mais crianças lessem ou escrevessem suas próprias histórias, o mundo seria “melhor e mais saudável”. “A gente teria menos ansiedade, menos raiva, menos tristeza. As crianças poderiam contar as próprias histórias, sem se preocupar com a opinião dos outros”, afirma.
A visão da autora dialoga com especialistas que apontam que o excesso de tempo em telas pode estar ligado a distúrbios de atenção, problemas de sono e sintomas de ansiedade em crianças e adolescentes. No livro, essa preocupação aparece de forma simbólica: os personagens enfrentam perigos que exigem imaginação, cooperação e coragem para serem superados.
Processo criativo e ilustrações em família
Um dos destaques do projeto foi a parceria com a mãe, a ativista negra May Solimar, que assinou as ilustrações. “Eu imaginava o visual dos personagens e minha mãe ilustrava. Foram várias trocas de conversas até ficarem exatamente como eu tinha idealizado”, conta Inara.
Como curiosidade, a autora revela que a protagonista, Camila, foi inspirada nela mesma. “Os traços são muito parecidos comigo”, afirma.

O próximo capítulo
Animada com a recepção do primeiro livro, a autora já começou a escrever novas histórias. Entre os planos estão contos de terror para o público infantojuvenil, uma narrativa voltada para adolescentes e até a continuação das aventuras do seu clube literário.
“Escrever é como se eu entrasse no mundo que inventei. No começo pode ser difícil ter ideias, mas depois é só deixar rolar”, diz Inara, incentivando outras crianças a se aventurarem na escrita.
Clube das Aventuras e a Doença Desconhecida está disponível para compra no site da Emó Editora

Inara Solimar tem 10 anos, é apaixonada por livros, música e animes. Sempre gostou de inventar histórias e criar personagens. Clube das Aventuras e a Doença Desconhecida é seu primeiro livro publicado — uma obra que une imaginação, empatia e coragem em uma narrativa envolvente e surpreendente.
