Por Adriana Czajkowski
Pense por um instante: enquanto você lê este texto, está em um ambiente silencioso ou os ruídos (notificações, música, sirenes, obras, tráfego, burburinho) também estão disputando a sua atenção?
Somos constantemente expostos ao excesso de estímulos. O barulho parece ter se tornado a trilha sonora da vida moderna. Ainda assim, em meio à agitação, o silêncio resiste e, em certos contextos, chega a ser protegido.
É o que lembra o Dia do Silêncio, celebrado em 7 de maio, data instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para alertar sobre os problemas causados pela poluição sonora e a importância de buscar ambientes mais tranquilos como forma de promover qualidade de vida.

A própria OMS já apontou os efeitos nocivos da exposição contínua ao ruído: distúrbios do sono, estresse, problemas cardiovasculares, prejuízos no desempenho escolar e profissional. Mesmo assim, só valorizamos o silêncio quando ele nos falta.
Mais do que ausência de barulho, silêncio é presença de um ambiente que acolhe o corpo e a mente. Museus e bibliotecas são exemplos clássicos: voltados à contemplação e ao conhecimento, favorecem a concentração e a conexão com o conteúdo. Mas há outros contextos em que o silêncio também se revela valioso.
Nas escolas, há iniciativas voltadas à criação de espaços tranquilos para alunos e professores. Nos ambientes de trabalho, promovem-se pausas silenciosas. Empresas estão investindo em salas de descompressão, espaços para meditação ou áreas livres de ruído. São locais onde é possível respirar, pensar e recuperar o foco. Isso beneficia a saúde mental, estimula a criatividade e melhora a tomada de decisões. O silêncio, quando escolhido e não imposto, tem força produtiva e restauradora.

Cafés, templos, igrejas, parques, jardins urbanos, hospitais e centros de meditação também oferecem pausas silenciosas. Esses lugares não são vazios, e sim convites à introspecção, à escuta interior, ao reencontro com o essencial.
Além dos benefícios individuais, os espaços silenciosos são inclusivos. Acolhem pessoas com diferentes necessidades, como aquelas com transtornos sensoriais, ansiedade ou cansaço mental. Saber que há um local onde se pode parar e respirar já promove bem-estar e pertencimento.
Por isso, é preciso valorizar o silêncio como parte essencial de qualquer projeto urbano, institucional ou educacional. Não se trata apenas de conforto ou preferência, mas de uma necessidade humana.
A nossa casa também pode ser refúgio silencioso. Podemos cultivar momentos de pausa no dia a dia, como o simples gesto de saborear uma xícara de chá em silêncio. Talvez o nosso maior desafio seja justamente este: parar, de vez em quando, para não ouvir nada e assim ouvir tudo.
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