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Crônicas ilustradas sobre a vida e o cotidiano

Crônicas de um guarda-chuva aposentado

Ilustração por Ana Helena Reis feita em Canson com guache preto e figura formada somente com detalhes em branco e vermelho

Eu perdi o meu medo, o meu medo da chuva / Pois a chuva voltando pra terra traz coisas do ar / Aprendi o segredo, o segredo da vida / Vendo as pedras que choram sozinhas no mesmo lugar... (Raul Seixas)

Os artigos assinados não representam, necessariamente, a opinião do Portal. Sua publicação é no sentido de informar e, quando o caso, estimular o debate de questões do cotidiano e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo

Nestes dias chuvosos, me peguei pensando no meu guarda-chuva — aquele veterano de guerra que mora no porta-luvas do carro, dobrado com tanta dignidade que mais parece estar meditando. Faz tanto tempo que não o abro que desconfio que, se um dia eu tentar, ele vai chiar de protesto ou fingir que perdeu a articulação.

Ele é desses modelos moderníssimos, que se esticam e recolhem com um clique, como se quisessem provar que são a evolução natural da espécie. Tem até tecido UV, o que me faz pensar que ele deve se achar importante demais para lidar apenas com a chuva. E, sinceramente, quem pode julgá-lo? Se eu passasse anos fechado, também ia me achar especial.

Apesar da pompa, meu guarda-chuva leva uma vida pacata. Nunca foi convidado a grandes eventos meteorológicos. Quando a tempestade chega, eu costumo pensar: “Ah, vai passar rápido”, e saio no estilo “molha-mas-não-incomoda”. Talvez seja uma forma de rebeldia. Ou preguiça. Ou um pouco dos dois.

Outro dia, li que antigamente ele era usado só por reis e sacerdotes. Era como um trono portátil em forma de teto. Hoje, ele é democrático: cabe no porta-luvas, no fundo da bolsa e na fila do ônibus. Mas, no meu caso, acho que ele se tornou mais um amuleto que um utensílio. Saber que ele está ali já me dá uma sensação de vitória, como se eu fosse uma pessoa muito preparada — embora jamais comprove isso na prática.

E, no fim, percebo que guardo meu guarda-chuva fechado por pura convicção filosófica. Se a chuva cair, que caia. Se eu me molhar, que seja. Se o cabelo escorrer, paciência — afinal, ninguém nunca morreu por causa de um penteado tipo Lhasa Apso.

Como diz Raul Seixas, perdi meu medo, meu medo da chuva… e, de quebra, o medo de parecer meio estabanada, pingando pelos cantos. Porque a vida é isso: às vezes a gente se molha um pouco, mas também se diverte.

Ana Helena Reisé escritora, pesquisadora e professora. A escrita de artigos, textos jornalísticos e resenhas esteve sempre presente na vida profissional como presidente da MultiFocus Inteligência de Mercado. A partir de 2019 começou a se dedicar à escrita e publicação de textos em prosa: contos, crônicas, poemas e resenhas, sempre relacionados a fatos e situações do cotidiano. Ao pensar na forma de publicação de seus escritos, foi buscar um outro gosto seu: a pintura e o desenho. Daí surgiram as ilustrações que dão sentido ao próprio nome do seu blog, Pincel de Crônicas. Em 2024 lançou seus primeiros livros solo, “Conto ou não Conto” e “Inquietudes Crônicas”.

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Imagem por Marcos Kulenkampff em Canva Fotos

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