Está lá, sim! Olha direito o RG e você vai encontrar.
Ainda não?
Me deixa explicar: você nasceu em território nacional?
Ah, então larga de desculpas porque a palavrinha oxítona e melodiosa, querendo ou não, é sua. Sua não, melhor dizendo, nossa.
Na rua, não há marcha acelerada, mas sim um reco-reco de caminhar ondulado. Não é safadeza, é injustiça mesmo, de tão natural.
Pobres homens, contorcendo as cabeças e acompanhando o molejo discreto porém, intrinsecamente irresistível.

“Boro”…
E a jogada de cabelo para um lado? Um gesto despretensioso que traduz como fazer-se notar. E se você não moveu para um lado, nem adianta fingir-se de sonsa, porque deslizou para o outro.
“go“…
Pois bem, caminhou sinuosa e devagar, tal como levou os dedos aos cabelos, virando-os. E olhou. Não de frente: cerrou os olhos superficialmente e virou-os para o lado com jeitinho moroso, de quem vê, mas não enxerga.
Vai, puxe pela memória quando mirava assim, enxergando languidamente…e atraindo sem dó nem piedade.

Agora, pasme: eis que temos um borogodó!
E se, por fim, esse je ne sais quoi com charme tropical for chegando confiante e bem acompanhado de uma oratória eloquente?
Bravo!
Querida conterrânea, não é sobre beleza e muito menos artimanha. Basta reparar com atenção no que está escrito no seu RG: Ó do Borogodó!