São Paulo: difícil de se imaginar, complexa de se compreender

São Paulo
469 anos

A paisagem urbana paulistana é a manifestação mais evidente da sua atividade acelerada de desenvolvimento, tendo a contradição espacial como característica mais forte

Por Lucas Ribeiro

Às vezes, quando estou lecionando Geografia para as turmas do Ensino Médio, deparo-me com algumas perturbações que se tornaram pequenos vícios aos docentes da minha área. Um deles é mencionar o fato de o Brasil ter se tornado um país urbano ao longo dos anos 60. Nessa época, das cinco macrorregiões brasileiras, quatro ainda tinham predomínio rural, apenas o Sudeste possuía uma paisagem predominantemente urbana, movida, principalmente, pelo crescimento da capital paulista, cidade que era difícil de se imaginar e complexa de se entender.

Posso afirmar que a cidade é a expressão mais contundente do processo de produção da humanidade, sendo, segundo Ana Fani (1992), “um modo de viver, pensar, mas também sentir (…) e esta é a paisagem urbana, com dimensão da história e do socialmente produzido pela vida do homem”. Temos concebido, portanto, um modo de vida urbano, produzindo comportamentos, valores, símbolos e significados endêmicos de cada eixo urbano.

O núcleo paulistano obteve um elevado crescimento durante a segunda metade do século XX, isso por conta de uma conjuntura de fatores internos e externos. Esse momento, como resultado da desconcentração do processo produtivo, foi fundamental para a urbanização do mundo emergente, o que levou ao desenvolvimento de diversas cidades pelo mundo. Essa reconfiguração industrial determinou o processo de crescimento de São Paulo que, associada às questões globais, atraiu muitas pessoas para o núcleo paulistano, tornando-o um polo migratório brasileiro.

Podemos afirmar que a paisagem urbana paulistana é a manifestação mais evidente dessa sua atividade acelerada de desenvolvimento, tendo a contradição espacial como característica mais forte.

Em nosso cotidiano, percebemos o uso diferenciado da cidade pelos indivíduos, seja nos meios de transporte, nos bairros residenciais, nas áreas de lazer ou no investimento em infraestrutura em diversos espaços. Isso faz com que a desigualdade espacial seja produto da desigualdade social, e, assim, essa paisagem abra uma perspectiva para entendermos o urbano, sua dimensão social, sua história e seu futuro.

É interessante pensar que a cidade de São Paulo se define como o espaço construído (casas, prédios e praças) e o “não construído” (nossos fluxos e perspectivas culturais), um dilema sobre a caracterização da terra urbana. Sendo assim, São Paulo não é simplesmente a maior cidade da América Latina, com uma mancha urbana grandiosa e infraestruturas variadas, a metrópole tornou-se um ponto de encontros, de construção de conhecimento, de relações, de afetos e desencontros, de situações distintas, de esperança e de sonhos.

Nessa perspectiva, a cidade de São Paulo é o conjunto indissociável das realizações humanas vividas dentro do seu espaço e, portanto, cada um tem a mesma parcela de importância em sua construção. Possivelmente, o elemento que esteja faltando para a solução das contradições espaciais vividas na cidade seja esse olhar horizontal, possibilitando que todos sejam protagonistas dos projetos futuros e se sintam, ao mesmo tempo, pertencentes ao espaço urbano. Dessa maneira, entraremos no rumo da garantia universal ao direito à cidade para todos os paulistanos e aqueles que aqui estão.

Lucas Ribeiro é professor de Geografia e Atualidades no Colégio Presbiteriano Mackenzie (CPM) Higienópolis

Os Colégios Presbiterianos Mackenzie são reconhecidos, hoje, pela qualidade no ensino e educação que oferecem aos seus alunos, enraizada na antiga Escola Americana, fundada em 1870, por George e Mary Chamberlain, em São Paulo. A instituição dispõe de unidades em São Paulo, Tamboré (em Barueri-SP), Brasília (DF) e Palmas (TO). Com todos os segmentos da Educação Básica – Educação Infantil (Maternal, Jardim I e II), Ensino Fundamental e Ensino Médio, procura o desenvolvimento das habilidades integrais do aluno e a formação de valores e da consciência crítica, despertando o compromisso com a sociedade e formando um indivíduo capaz de servir ao próximo e à comunidade. No percurso da história, o Mackenzie se tornou reconhecido pela tradição, pioneirismo e inovação na educação, o que permitiu alcançar o posto de uma das renomadas instituições de ensino que mais contribuem para o desenvolvimento científico e acadêmico do País.

Colaboração da pauta:

Assessoria de Imprensa Instituto Presbiteriano Mackenzie 

Eudes Lima, Belle Taranha, Eduardo Barbosa, Thaís Santos e Esdras Matias | [email protected]

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