Conversando com um amigo, Anderson de Paula, um dia desses, ouvi a seguinte história: “Você está andando por uma trilha e coloca dentro da sua mochila somente aquilo que consegue carregar – algumas peças de roupas, garrafa com água, um calçado, uma toalha – só o necessário. Mas com você vai outra pessoa, e ela leva o dobro das coisas e, como ela não consegue carregar, sobra para você carregar a mochila dela.”
Na verdade, ele estava me dando um conselho, falando que eu não deveria carregar o fardo que não é meu. Que cada um carrega sua mochila de acordo com suas decisões, independentemente do que a motivou encher sua mochila, esta é uma responsabilidade dela, não minha. Eu fiz minhas escolhas para que minha mochila tivesse um peso suficiente para que eu conseguisse caminhar com ela.
E tenho refletido sobre isso desde então. Sobre o fardo que carregamos e sobre quantas vezes carregamos fardos que não são nossos. Principalmente quando nos tornamos mães, passamos a confundir amor e doação com omissão, nos deixamos de lado pelo outro e isso muitas das vezes não é saudável.
Eu falo por mim, tem momentos na vida em que precisamos ser egoístas para conseguirmos seguir somente com nossa mochila. Tantas vezes me vi carregando a minha e de outras pessoas que não conseguia sair do lugar. Porque o peso se tornou insuportável. Perdi o foco do que realmente era importante para mim e meus filhos.
Essa é uma situação comum para muitas pessoas, queremos fazer o bem, queremos ajudar e esquecemos de nós mesmas, de nosso fardo que já não é fácil. Deixamos nossos problemas de lado para resolver o dos outros e quando percebemos nossa vida não saiu do lugar. E por que isso? Percebo duas questões principais que nos levam a essa situação:
Uma é que não aprendemos nada com a lei de sobrevivência dos aviões, quando se fala que em caso de acidente você deve primeiro colocar o oxigênio em você e depois no outro para sobreviverem. Isso serve para a vida, se não cuidar do seu fardo primeiro, não conseguirá ajudar ninguém a carregar o seu.
Outra situação, que é algo que eu falo muito em tudo que escrevo e falo é sobre a Energia. Enquanto estivermos envolvidos com a energia densa que vem do peso da mochila do outro, estaremos atraindo mais peso para nossa vida e viveremos envoltos dessa energia pesada, o que não nos permitirá olhar para a nossa e sair desse emaranhado de problemas.
Não estou querendo te dizer que não deve se preocupar com o outro, principalmente com aqueles que amamos, que não deve ajudar, ou cuidar. Mas faça isso assim que conseguir resolver o peso da sua mochila, faça quando estiver pronta para ajudar o outro a carregar a sua e lembre-se que ajudar não é carregar por ele…
A vida é feita de escolhas, e todos nós, sem exceção, temos sempre opções de seguirmos por caminhos diferentes por mais difícil que seja a vida. Acertamos, erramos, mas tudo é consequência das nossas escolhas e devemos assumir a responsabilidade por elas.
Então proponho a você para seguir com suas escolhas, de levar apenas os seus pesos em sua mochila e respeitar a escolha dos outros, respeitar o que eles querem carregar em suas mochilas. Aconselhe e ajude, não precisa abandonar ninguém, porém, o faça desde que não interfira no peso da “sua mochila”. Tenho feito o mesmo, não vou dizer que é fácil, mas torna a vida mais leve.
Cuidar da sua mochila não é um ato egoísta, mas sim um passo essencial para oferecer amor verdadeiro aos que você se importa. E tenha uma boa viagem nesse caminho chamado vida!
Ainda não há comentários para esta publicação