Da janela do carro, avistei o aeroporto
Meu coração batia como asas de pássaro assustado
Ali, diante de mim, estava o momento que esperei por tanto tempo
Finalmente, eu o conheceria
Mesmo que fosse só por instantes roubados ao tempo.
Desci do automóvel com pressa nos pés e um descompasso no peito
Meus passos apressados me guiaram ao portão de desembarque
Será que você me acharia parecida com as fotos que viu?
Será que, aos seus olhos, eu seria tão bela quanto nos vídeos que te enviei?
Encostei-me a um pilar, e esperei…
No meio de tantos rostos, tantos desconhecidos
Meu olhar procurava apenas um.
Até que vi
Você
Um sorriso tímido, e ainda assim tão cheio de luz
Era você mesmo
O menino que eu conheci na tela
O homem que cresceu nos meus pensamentos.

Você pegou minha mão como quem segura um segredo
Havia um nervosismo adolescente no toque
E ao mesmo tempo, uma ternura adulta no olhar
“Olá”, você disse
Tínhamos apenas 45 minutos.
Mas para dois corações que esperaram tanto
Meia hora era um universo inteiro em expansão
Queríamos dizer tudo
E ao mesmo tempo, não dizíamos nada
Porque tudo já estava ali
No brilho dos olhos
Na respiração acelerada
Na proximidade silenciosa.
Seu sotaque me alcançou como um sussurro doce no ouvido
E então, o beijo
Aquele beijo sonhado, desejado, escrito em tantas mensagens e noites em claro
Eu sentia o gosto da sua boca
Gosto de urgência, de promessa, de saudade antecipada
Havia em cada toque de lábios
Uma confissão
Um querer muito mais do que o tempo permitiria.

Mas aqueles beijos…
Ah, aqueles beijos de uma tarde breve…
Eram tudo o que tínhamos
E tudo o que sonhamos.
O tempo correu
Rápido, cruel, líquido escorrendo pelos vãos dos dedos.
E então você se foi pela mesma porta por onde entrou
Eu fiquei
Com a boca ainda quente do seu beijo
Com o peito cheio de tudo o que não coube nos minutos.
Quem sabe, um dia
Teremos mais do que os beijos daquela tarde
Talvez um dia…
Teremos a eternidade que aqueles 45 minutos quiseram ser.
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