Por Paulo Maia
Angelo, cantor e compositor carioca, emergiu como um fenômeno no TikTok, conquistando um público fiel com suas apresentações diárias, canções autorais e releituras de clássicos — tudo com uma sonoridade pop/rock que ressoa profundamente entre milhares de seguidores. Por meio das transmissões ao vivo, tornou-se um dos muitos artistas que souberam transformar tecnologia e novas formas de interação em palco para seu talento.
Recentemente, tive um excelente bate-papo com ele para conhecer sua trajetória e compreender como se adaptou ao cenário tecnológico em constante transformação — não apenas em termos de meios, mas na forma como consumimos entretenimento.
A relação de Angelo com a música remonta à infância: a casa sempre foi preenchida por acordes e melodias. Sua avó foi professora de piano e cantora lírica, e sua mãe musicista amadora; aprendeu a tocar piano de ouvido ainda com 7 anos de idade! De big bands a Frank Sinatra, Elvis e Beatles — apresentados por seu irmão mais velho, outro apaixonado pela música — cresceu em meio a uma verdadeira trilha sonora.
Aos 14 anos, influenciado pelo rock nacional dos anos 80 e impactado por um show do Kiss, se apaixonou definitivamente pelo gênero. Ganhou sua primeira guitarra do pai e começou a gravar sobre antigos LPs de karaokê. Aos poucos, aprimorou sua técnica vocal e passou a ser vocalista de diversas bandas, se apresentando em bares e festivais pelo Rio de Janeiro, incluindo o lendário Circo Voador.
Com 22 anos, chegou o momento de decidir: seguiu a carreira jurídica, formou-se em Direito, mas não encontrou realização. Após uma crise de ansiedade, ouviu de uma psicóloga um conselho transformador: dedique-se à música — aquilo que verdadeiramente o fazia vibrar. Foi a virada necessária para entregar-se de vez ao que mais lhe dava prazer.
Desde então, começou a se apresentar com frequência em bares, festas corporativas, bodas e casamentos, além de eventos de prestígio como o G20 e o Clube Naval, onde animou o réveillon por dez anos consecutivos. Mas o cenário começou a mudar em meados de 2016, quando percebeu que esse tipo de evento começava a perder força. A pandemia, então, acelerou essa transformação.
Com a chegada das lives durante o isolamento, Angelo migrou para o mundo digital. Começou pelo Instagram, mas logo percebeu — com apoio de sua agência — que a plataforma não supria as necessidades de seus shows. Encontrou no TikTok, surpreendentemente, um espaço fértil para sua arte: ali, pôde se conectar com um público que buscava exatamente o que ele tinha a oferecer.
Hoje, Angelo vê na transmissão online não um substituto dos palcos físicos, mas uma nova forma de expressão. Essa modalidade rompe barreiras de logística, tempo e distância, permitindo que tanto o músico quanto o público vivam a música com liberdade e intimidade — mesmo que em telas.
As lives diárias se tornaram sua principal vitrine. Nelas, compartilha releituras do pop e rock com estilo próprio, consolidando uma carreira que soube se reinventar. A conversa que tivemos deixou claro: apesar dos ventos da mudança na cultura e tecnologia, sua paixão pela música foi bússola e sustento. E sem desmerecer os profissionais do Direito, é certo que a arte — e nós, apaixonados por boas canções — ganhamos muito com a escolha que ele fez.

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