Luto: como acolher o colaborador e as marcas causadas pela Pandemia de COVID-19

Paula Rotta Assis

Para saber como acolher e lidar com o colaborador que está de luto, primeiro temos que entender como isso funciona psicologicamente e sua definição.

O luto é caracterizado como uma perda de um elo significativo entre uma pessoa e seu objeto ou pessoa próxima, portanto um fenômeno mental natural e constante durante o desenvolvimento humano. No contexto atual de pandemia, por se tratar de um evento constante, acaba implicando diretamente no desempenho profissional das pessoas tornando um conhecimento necessário para o amparo adequado àqueles que sofrem a perda.

A ideia de luto não se limita apenas à morte, mas o enfrentamento das sucessivas perdas reais e simbólicas como os elos significativos com aspectos pessoais, profissionais, sociais e familiares do indivíduo.

O luto é um processo lento e doloroso, que tem como características uma tristeza profunda, e leva o indivíduo a afastar-se de suas motivações e atividades cotidianas, e por isso o RH e/ou as empresas precisam saber como lidar com isso.

Neste momento de pandemia estamos vivendo um luto coletivo: mortes em massa, sensação de falência mundial e a interrupção de projetos e objetivos. Estar vulnerável e falar de morte são assuntos não muito confortáveis e no mundo corporativo não é diferente. As empresas precisam criar esse acolhimento, dar espaço para que o colaborador demonstre suas emoções e vulnerabilidade sem medo de perder o emprego, mas sim encontrar o acolhimento e segurança para recomeçar.

Uma pesquisa feita pelo Projeto Humanize em setembro de 2019, indica que as empresas dificilmente têm políticas estruturadas para apoiar seus funcionários em situações de luto.

Quero aqui levantar uma bandeira para construir empresas mais humanizadas e que com ações simples, provar que é possível criar ambientes saudáveis e acolhedores.

Simples ações que fazem a diferença

Crie um ambiente acolhedor: o fato de que muitos perderam parentes ou colegas de trabalho nesta pandemia de COVID-19 e, também, a sensação geral de medo e incerteza que se instalou, preocupe-se com a saúde mental do seu colaborador. Treine os gestores para realizar encontros informais com a equipe e falar sobre saúde mental. Procure programa de apoio psicológico, tem vários gratuitos inclusive.

Fale sobre o assunto: mesmo com os colaboradores em home office, crie encontros virtuais de 15 minutos semanais, traga especialistas para falar sobre às angústias geradas pelo momento que estamos vivendo, entre elas o luto e ressignifique esses sentimentos.

Crie uma política de assistência e homenagens: Serviços de apoio psicológico, que já eram uma tendência, ganham força na realidade atual. Algumas organizações, inclusive, passaram a prover atendimento com profissional especializado em luto para trabalhadores que perderam entes para COVID-19. Procure um fornecedor de cora de flores e envie como homenagem, crie no grupo de comunicação interna uma arte com a assinatura dos colegas de equipe e gestores indicando um abraço virtual.

Quanto mais acolhidos os profissionais se sentirem em um momento difícil como esse, mais preparados estarão para retomar o trabalho.

Como incentivo para tornar empresas e o mundo mais acolhedor e humanizado, criamos uma página para o Projeto Acolher. Lá você pode postar mensagens de acolhimento e conforto para as pessoas que estão passando por algum luto, nos ajude a construir um mural cheio de abraços virtuais e alcançar pessoas que precisam de um carinho.

Acesse o nosso mural através do link: https://abraco.digital/PRACONSULT-ProjetoACOLHER

Paula Rotta Assis é co-fundadora da PRA Consult, uma consultoria de negócios que atende pequenas e médias empresas em projetos de Recursos Humanos, Contábeis, Financeiros e assessoria Executiva. É graduada em Gestão de Recursos Humanos e atua no mercado corporativo há mais de 10 anos liderando equipes e projetos na obtenção de suas metas e resultados.