Ser mãe é mergulhar em um oceano de amor, mas também de demandas infinitas. Entre fraldas, choros, tarefas escolares e a exaustiva rotina, é fácil se perder no turbilhão do “fazer” e esquecer do “ser”. Foi assim que a meditação entrou na minha vida — não como mais uma obrigação, mas como um abraço silencioso que me lembra: eu também existo.
Eckhart Tolle, em O Poder do Agora, fala sobre a urgência de desacelerar a mente. Não se trata de esvaziar os pensamentos (quem consegue, com filhos gritando no corredor?), mas de observar sem julgamento. A meditação, nesse sentido, é um ato de resistência. Um minuto de pausa, uma respiração profunda antes de responder à birra, um olhar atento para o céu enquanto o café esquenta — são nesses intervalos que a gente reencontra o centro.
Os benefícios vão além do clichê “reduzir o estresse”. Meditar é treinar a presença. Quantas vezes você esteve fisicamente com seu filho, mas mentalmente no trabalho, nas contas, no que falta no supermercado? A prática nos devolve ao corpo, ao cheiro do cabelo deles, ao calor do abraço, ao agora. E, ironicamente, é só quando a gente para que o tempo parece render mais.

Não precisa de almofadas caras ou horas de silêncio (quem tem?). Comece com o óbvio: a respiração. Inspire pelo nariz, conte até quatro, solte devagar. Repita enquanto lava a louça, espera o banho esquentar ou antes de dormir.
As crianças aqui em casa, desde pequenas aprenderam a meditar. Claro que eles não aguentam muito tempo, mas sabem trabalhar a respiração, gostam de ouvir frequências relaxantes para dormir e até mesmo uma meditação guiada (por mim) de vez em quando.
Algo que ninguém lhe conta, é que a meditação também cura a culpa. Aquela vozinha que sussurra “você não está fazendo o suficiente” perde força quando a gente para e se enxerga com compaixão. Não é sobre ser a mãe perfeita, mas sobre estar presente — inclusive para si mesma. E, quando você se permite esse respiro, descobre que a paciência não some tão rápido, que o cansaço não dói tanto, e que os pequenos momentos ganham um brilho novo.

E nos dias em que tudo parece dar errado, a meditação vira uma âncora. Em vez de afundar na frustração, você aprende a olhar para as ondas de fora, sem se afogar nelas. As crianças sentem essa mudança. Elas não precisam de uma mãe super-heroína, mas de uma mãe que sabe voltar para o próprio coração — mesmo que o mundo lá fora esteja de ponta-cabeça.
O maior presente da meditação é lembrar que você não é só “a mãe de”. Você é a mulher que existe por trás dos afazeres, cheia de luz e sombras. E, quando você se reconecta com essa verdade, tudo — desde o caos da manhã até a noite insone — fica mais leve. Porque o agora, mesmo imperfeito, é o único lugar onde a vida acontece.
E você, já experimentou parar para respirar hoje?
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