Ponto de Vista
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Será que dá para apostar que está apenas nas mãos das mulheres liderarem as soluções para mitigar os efeitos da crise do clima?
Por Janine Bitencourt
Segundo recente relatório da ONU (Agenda 2021), as mulheres são 4 vezes mais impactadas pelos efeitos das mudanças climáticas que já vemos acontecer nos jornais diários. Geralmente, a solução também vem do lado mais atingido, mas será que dá para apostar que está nas mãos das mulheres liderarem as soluções para mitigar os efeitos da crise do clima em direção à regeneração do planeta?
No excelente artigo da Lindsey Jean Schueman no site oneearth.org, são apontadas 8 razões pelas quais as mulheres são consideradas figuras-chave na solução da crise climática. Somos as mais impactadas (vulneráveis economicamente e fisicamente). Somos líderes melhores em tempos incertos (porque pensamos mais no coletivo). Somos organizadoras potentes (ela cita 5 networks internacionais que agregam iniciativas femininas). Encontramos soluções inovadoras, transformamos conhecimento em ação e somos dínamos econômicos (companhias Venture Capital fundadas por mulheres superam em faturamento as dos homens em 63%). Também buscamos igualdade de oportunidades (porque ainda recebemos apenas 2% dos investimentos de capital) e somos visionárias (o Acordo de Paris em 2015 foi encabeçado por 30 “lionesses”).
No começo do ano, aconteceu a Convenção Anual da ONU Mulheres Brasil na sede da United Nations em NY, focado em ações de inclusão financeira e digitalização para mulheres. Foi a maior delegação brasileira presente e painéis importantes com líderes como Ana Fontes (Rede Mulher Empreendedora), incluindo uma roda de conversa sobre o papel dos homens na luta por diversidade com o Michael Kaufman, autor do livro “The Time Has Come/ Why men must join the Gender Equality Revolution”.
O UN Women #CSW67, maior encontro anual de equidade de gênero, também acontecia simultaneamente em diversas plenárias e tive oportunidade de participar de um painel do Fashion Impact Fund que trouxe duas líderes apoiadas em projetos educacionais e inserção de meninas negras na indústria da moda sustentável: Tamburai Chirume, Co-Fundadora da The African Academy of Fashion e Ngozi Okaro, Diretora Executiva da Custom Collaborative.
A satisfação de presenciar a atuação de empreendedoras internacionais de diversas orientações de gênero, raças e etnias me faz acreditar que ganhamos escala quando unimos e compartilhamos ideias, projetos, resultados e iniciativas. Mas não acho justa a tarefa de liderar o projeto de salvar o mundo (melhor dividir tarefas, pois nem conseguiríamos abraçar mais essa demanda).
O caminho, acredito, é convocar a todos e todas, inclusive nossos pares do mundo corporativo predominantemente masculino, no que puderem atuar em prol da divulgação, suporte e financiamento dos nossos projetos. Porque o que aconteceu na semana passada na ONU provou que, quando mulheres empreendedoras ganham apoio e palco, o mundo inteiro ganha.
Janine Bitencourt é escritora, redatora, empreendedora, entusiasta da sustentabilidade, investidora-anjo, diretora de marketing de uma marca de sorvetes orgânicos e fomentadora de iniciativas de empoderamento e conexão com o empreendedorismo feminino. Sócia do laboratório Sincronicidade em São Paulo – Brasil e Consultora de Comunicação de uma marca brasileira de cuidados com a pele com certificação orgânica Souvie Organics.
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