Mudanças são tangíveis com educação corporativa

Diversidade Dolce

Caroline Vargas Barbosa

Educação é um caminho contínuo e o mundo empresarial deve reconhecer que fornecer acesso à educação em direitos humanos, alinhados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e princípios de Governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG), é uma ferramenta essencial

Um Programa de Educação Corporativa deve ser adaptado às necessidades da empresa, da comunidade local e das dinâmicas de mercados, que incluem desigualdades sociais, questões econômicas, financeiras e até mesmo dimensões internacionais, além do compromisso com a sustentabilidade. Isso abrange toda a equipe, desde colaboradores até liderança, afetando diretamente a entrega de produtos e serviços.

Segundo dados da McKinsey, os benchmarks da indústria revelam que, embora quase 100% das empresas em alguns setores tenham definido estratégias de sustentabilidade e inclusão, apenas 40% possuem o conhecimento interno e as capacidades necessárias para alcançar suas metas. Os “benchmarks da indústria” são métricas usadas para comparar o desempenho de uma empresa com outras do mesmo setor, abrangendo áreas como eficiência operacional, diversidade e inclusão, lucratividade e práticas sustentáveis. Essas métricas auxiliam as empresas na definição de metas realistas e na identificação das melhores práticas, permitindo decisões informadas com base em dados comparativos do setor.

Neste contexto, a educação em direitos humanos e a compreensão dos ODS e ESG não são apenas um diferencial, mas um alicerce para a construção de empresas conscientes, éticas e socialmente responsáveis, que não apenas atingem suas metas de sustentabilidade, mas também moldam um futuro mais inclusivo e justo para todos.

Uma integração bem-sucedida ESG com Educação Corporativa

A interdisciplinaridade é fundamental para abordar esses desafios de forma abrangente, envolvendo diversos setores e profissionais. A educação deve refletir a realidade e os desafios cotidianos, e os princípios ESG devem ser integrados, envolvendo todos os setores e os profissionais envolvidos. Para cada momento da cadeia produtiva, o Programa de Educação Corporativa, deve ser de forma aplicada, alternando oitiva dos participantes e desenvolvimentos de soft skills.

Para uma integração bem-sucedida do ESG (Ambiental, Social e Governança) na educação corporativa exige líderes preparados para enfrentar os desafios da sustentabilidade. Os líderes de ESG devem possuir habilidades como pensamento sistêmico, inclusão de stakeholders, inovação disruptiva e uma visão de longo prazo. Os stakeholders, que englobam uma variedade de grupos interessados, desde clientes e acionistas até comunidades locais e ONGs, desempenham um papel crucial no cenário empresarial. Considerar seus interesses é essencial para uma gestão ética e responsável, que avalia não apenas aspectos financeiros, mas também impactos sociais e ambientais.

No processo de onboarding, por exemplo, as empresas podem incorporar módulos de treinamento específicos em direitos humanos e sustentabilidade. Isso ajuda os novos colaboradores a entenderem os valores e compromissos da empresa, criando uma base sólida para uma cultura inclusiva e sustentável desde o início.

Além disso, a inovação social, que busca soluções criativas para problemas sociais e ambientais, está transformando a maneira como as empresas abordam questões como pobreza e desigualdade. Empresas com um propósito claro de impacto social e ambiental estão demonstrando como a inovação social pode impulsionar a sustentabilidade e criar mudanças significativas na sociedade.

Que fique claro: diversidade e inclusão devem ser mais do que apenas declarações de intenção; precisam ser apoiadas por ações concretas e recursos. É crucial que os programas de educação corporativa sejam acessíveis a todos, desenvolvidos com habilidades de docência e comunicação para promover uma verdadeira mudança.

Imagem de Freepik

Exemplos no cenário empresarial brasileiro

A educação corporativa está se tornando uma ferramenta poderosa para empresas em todo o Brasil, não apenas para aprimorar as habilidades dos colaboradores, mas também para promover valores e responsabilidade social, alinhando-se com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Vamos explorar como esses programas contribuem diretamente para vários ODS, usando exemplos do cenário empresarial brasileiro para ilustrar seus benefícios concretos.

A redução do impacto ambiental (ODS 13) é um objetivo urgente. Empresas brasileiras, como a Natura, têm incorporado programas de educação corporativa que capacitam seus colaboradores a adotar práticas sustentáveis, reduzindo o consumo de recursos e minimizando as emissões de carbono. Essas iniciativas não apenas contribuem para combater as mudanças climáticas, mas também fortalecem a imagem da empresa como um defensor da sustentabilidade.

A inclusão social (ODS 4 e 10) é outra prioridade. Grandes empresas, como o Grupo Boticário, têm investido em programas que promovem a diversidade e a igualdade de gênero. Através da educação corporativa, essas empresas capacitam seus colaboradores a criar ambientes de trabalho mais inclusivos e respeitosos, alinhados com os ODS 4 (Educação de Qualidade) e 10 (Redução das Desigualdades).

O desenvolvimento de habilidades (ODS 8) é fundamental para o crescimento econômico. Empresas como a Petrobras investem na formação contínua de seus colaboradores, aprimorando suas competências e aumentando sua produtividade. Esses programas não apenas beneficiam os colaboradores, mas também contribuem para o desenvolvimento econômico do país, apoiando o ODS 8.

A preocupação com a segurança dos dados (ODS 16) está em ascensão. Empresas de tecnologia brasileiras, como a Movile, têm adotado programas de educação corporativa em segurança cibernética. Isso garante que as informações críticas sejam protegidas e alinhadas com o ODS 16 (Paz, Justiça e Instituições Eficazes).

A redução do desperdício (ODS 12) é uma meta cada vez mais importante. Empresas de alimentos, como a Ambev, implementaram programas que ensinam a reduzir o desperdício de alimentos e recursos, alinhados com o ODS 12 (Consumo e Produção Responsáveis).

Por fim, o acesso a informações relevantes (ODS 17) é essencial para a colaboração e o sucesso empresarial. Empresas brasileiras têm investido em programas de educação corporativa que garantem que seus colaboradores tenham acesso às informações necessárias para tomar decisões informadas, apoiando assim o ODS 17 (Parcerias e Meios de Implementação).

Em resumo, a educação corporativa não é apenas um investimento no desenvolvimento interno das empresas, mas também uma contribuição tangível para um Brasil mais sustentável, inclusivo e igualitário. Empresas nacionais estão liderando o caminho, demonstrando como a educação pode ser uma força poderosa na realização dos ODS e na construção de um futuro melhor para todos.

Caroline Vargas Barbosa é advogada, docente universitária e pesquisadora. Doutorando em Direito pela UnB, Mestra em Direito Agrário pela UFG e especialista em Processo Civil pela UFSC. Atua em pesquisas e assessoramentos de diversidade, inclusão e ESG.

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