A maternidade atípica é um convite a desconstruir expectativas e abraçar o inesperado. Nos primeiros meses, eu como mãe de uma menina incrível com Síndrome de Down, vivi nos primeiros meses uma montanha-russa de emoções: medo, solidão e incertezas. Até que entendi que não precisava carregar tudo sozinha. O diagnóstico não define quem minha filha é — e muito menos quem eu sou como mãe
Há momentos em que o chão parece sumir, e a vontade de desistir bate forte. Não existe manual, mas há caminhos. Permita-se sentir: chore, questione, tenha dias de raiva. A aceitação não chega de repente; ela é construída tijolo por tijolo, nas pequenas vitórias. Quando a Sara sorriu pela primeira vez, sem qualquer “atraso” que a definisse, entendi que ela tinha seu próprio tempo — e que eu precisava respeitá-lo. Aprendi com ela a ser menos ansiosa e a enxergar a vida com outros olhos.
Busque pessoas que andem ao seu lado, não que apontem direções. Grupos de mães atípicas podem ser um porto seguro. Foi em um café compartilhado com outras mães que me senti verdadeiramente acolhida. Com elas você pode encontrar histórias que ecoam com suas dúvidas e dividir lágrimas e conquistas. Nas conversas informais que encontramos histórias que ecoam nossas dúvidas e dividimos lágrimas e conquistas. Juntas, nos entendemos, rimos e choramos.

Terapeutas, fisioterapeutas, médicos e professores especializados tornaram-se aliados essenciais na minha jornada. Profissionais humanizados, que não só cuidaram da Sara, mas também me acolheram nos momentos de crise. Eles se tornaram amigos que carrego para a vida.
Um dia, no parque, uma criança apontou para minha filha e perguntou: “Por que ela é diferente?”. Em vez do constrangimento que antes me paralisava, respondi: “Porque ela veio nos mostrar que existem formas diferentes de ser feliz”. Aos poucos, percebi que educar os outros faz parte de cuidar dela — e de mim.
Não mentirei: há dias difíceis. Dias em que as terapias e consultas se acumulam, em que o olhar julgador de um estranho dói, em que a exaustão bate. A vontade de desistir de tudo paira ao nosso redor. Nessas horas, respiro fundo e repito mantras:
“Ela não precisa de uma supermãe. Precisa de uma mãe que a veja, simplesmente. Precisa de uma mãe saudável.”
“Dou o meu melhor pelos meus filhos, mas tenho que respeitar minhas limitações.”
“Hoje vou me permitir (chorar, sentir medo, raiva ou dúvidas) mas amanhã é um novo dia e estarei melhor!”

Seu luto é válido. Sua dor é real. Não é preciso romantizar a jornada para provar nada a ninguém. Há beleza no caminho que estamos trilhando. A maternidade atípica nos obriga a encontrar forças que nem sabíamos ter e a celebrar conquistas que o mundo não vê. Quando alguém disser “eu não conseguiria no seu lugar”, lembre-se: você também não achava que conseguiria. E olhe só onde está hoje!
Nossa história não é sobre a Síndrome de Down, sobre o autismo ou outra deficiência. É sobre descobrir que o amor não precisa de condições para existir — ele se expande, se reinventa, se fortalece nas fissuras. Minha filha me ensinou que “normal” é apenas um ponto de vista. A meu ver, “normal” é ela que vê o mundo como ele é sem rótulos, sem estereótipos e sem preocupação com o que o outro pensa. E que, às vezes, o que chamamos de “diferente” é só a vida nos lembrando: há mil formas de se viver, e todas merecem ser celebradas.
Você não está sozinha. Permita-se chorar, mas não deixe de dançar nas pequenas vitórias. Busque sua tribo. Conte sua história. E, sempre que duvidar do seu papel, repita: você é a mãe que seu filho precisa. Exatamente como você é.
Foto por Brian Baldratti
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